A queda na cotação do dólar
A cotação do dólar caiu quase 7% desde o começo do ano, chegando a R$ 5,18, o menor patamar desde setembro. É uma boa notícia e emite uma série de sinais, importantes para compreender o que está acontecendo na economia. O fator determinante na queda da cotação do dólar é a entrada de capital estrangeiro no país, que em janeiro atingiu o maior valor em dez anos. É a velha lei da oferta e procura, quanto mais dólar no mercado, menor a cotação. Isto está acontecendo por causa da entrada de dólares via venda de commodities, cujos preços dispararam, e por causa da alta na taxa de juros, afinal, o investidor que aplicar seus dólares nos EUA vai receber juros de 0,20% ao ano ou menos, ao passo que aqui a rentabilidade será muito maior.
Mas, vale lembrar, que grande parte desse recurso que está entrando no país é capital especulativo, que passeia pelo mundo em busca de rentabilidade e basta ocorrer qualquer instabilidade – interna ou externa – para esse dinheiro ir embora, fazendo o dólar subir, pois continua sendo a moeda mais segura do mundo. Mas há outra explicação, e de caráter político, pois, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o mercado se acalmou, mesmo com o quadro de polarização que ainda persiste no processo eleitoral. Isso aconteceu porque Lula, o candidato que lidera as pesquisas, deu uma nítida guinada ao centro ao colocar Geraldo Alckmin, um político com fortes vinculações com o empresariado, como vice de sua chapa. Segundo ele, os preços de mercado estão sinalizando risco menor frente a passagem de um governo para outro, e, além disso, a independência do Banco Central ajuda nesse processo.
O mercado é pragmático e trabalha agora com a hipótese de Bolsonaro, que seria mais do mesmo, ou a hipótese perfeitamente palatável de um Lula light. Mas se algo novo acontecer, como por exemplo a explosão de uma bomba fiscal que estoure as contas do governo, nova instabilidade poderá ocorrer na cotação da moeda americana. Se não houver contratempos, a queda na cotação do dólar dará mais estabilidade à economia, pois tende a reduzir a inflação, já que insumos e matérias primas importadas ficarão mais baratas e mesmo os aumentos nos preços dos combustíveis terão de ser revistos para baixo. É verdade que o efeito líquido depende da relação entre o aumento nos preços das commodities e a queda na cotação do dólar. Além disso, máquinas, equipamentos e royalties ficarão mais baratos, estimulando o investimento. Para o setor exportador, a notícia não é tão boa, pois os produtos brasileiros ficarão mais caros no exterior, mas no agronegócio somos competitivos o suficiente para suportar o real um pouco mais valorizado. Há, enfim, um sinal positivo na economia brasileira.
Sem carnaval, há prejuízo
A não realização do Carnaval em 2022 vai reduzir a movimentação financeira em Salvador em cerca de R$ 1,9 bilhão, pois os gastos de 1,2 milhão foliões deixarão de ser feitos. O valor inclui despesas de alimentação, hospedagem, bebidas, transportes, comércio. Cerca de R$ 143 milhões também deixarão de ser pagos a 120 mil trabalhadores. E a cidade não terá os recursos injetados pelos patrocinadores, que só no setor público atingiu R$ 40 milhões em 2021. Não terá também os recursos gastos por estado e prefeitura na montagem da festa e haverá perda de arrecadação de ICMS. Os números são de pesquisa de Carlota Gottschall e Marcos Barreto para 2021 e atualizados para valores de 2022.
Mas o turismo está em alta
A perda financeira que vai representar mais um ano sem carnaval é expressiva, mas não há como fazer uma festa dessa magnitude com os índices de contágio da Covid 19 em alta. Por isso, Salvador e outras cidades do estado têm de se contentar com o crescimento do turismo no verão, mesmo sem grandes eventos, o que já é uma realidade. A taxa de ocupação média dos hotéis nos dois primeiros meses de 2022 está em torno de 70%, bem acima da observada no mesmo período do ano passado. E essa taxa é bem maior em determinados destinos turísticos. Janeiro foi o melhor mês para a hotelaria em Salvador, desde quando a pandemia começou. E, mesmo sem carnaval, fevereiro promete números mais expressivos.