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ACERVO DA COLUNA
Publicado quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022 às 6:02 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

A queda na cotação do dólar

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Isso aconteceu porque Lula, que lidera as pesquisas, deu uma guinada ao centro ao colocar Geraldo Alckmin em sua chapa como vice
Isso aconteceu porque Lula, que lidera as pesquisas, deu uma guinada ao centro ao colocar Geraldo Alckmin em sua chapa como vice -

A cotação do dólar caiu quase 7% desde o começo do ano, chegando a R$ 5,18, o menor patamar desde setembro. É uma boa notícia e emite uma série de sinais, importantes para compreender o que está acontecendo na economia. O fator determinante na queda da cotação do dólar é a entrada de capital estrangeiro no país, que em janeiro atingiu o maior valor em dez anos. É a velha lei da oferta e procura, quanto mais dólar no mercado, menor a cotação. Isto está acontecendo por causa da entrada de dólares via venda de commodities, cujos preços dispararam, e por causa da alta na taxa de juros, afinal, o investidor que aplicar seus dólares nos EUA vai receber juros de 0,20% ao ano ou menos, ao passo que aqui a rentabilidade será muito maior.

Mas, vale lembrar, que grande parte desse recurso que está entrando no país é capital especulativo, que passeia pelo mundo em busca de rentabilidade e basta ocorrer qualquer instabilidade – interna ou externa – para esse dinheiro ir embora, fazendo o dólar subir, pois continua sendo a moeda mais segura do mundo. Mas há outra explicação, e de caráter político, pois, segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o mercado se acalmou, mesmo com o quadro de polarização que ainda persiste no processo eleitoral. Isso aconteceu porque Lula, o candidato que lidera as pesquisas, deu uma nítida guinada ao centro ao colocar Geraldo Alckmin, um político com fortes vinculações com o empresariado, como vice de sua chapa. Segundo ele, os preços de mercado estão sinalizando risco menor frente a passagem de um governo para outro, e, além disso, a independência do Banco Central ajuda nesse processo.

O mercado é pragmático e trabalha agora com a hipótese de Bolsonaro, que seria mais do mesmo, ou a hipótese perfeitamente palatável de um Lula light. Mas se algo novo acontecer, como por exemplo a explosão de uma bomba fiscal que estoure as contas do governo, nova instabilidade poderá ocorrer na cotação da moeda americana. Se não houver contratempos, a queda na cotação do dólar dará mais estabilidade à economia, pois tende a reduzir a inflação, já que insumos e matérias primas importadas ficarão mais baratas e mesmo os aumentos nos preços dos combustíveis terão de ser revistos para baixo. É verdade que o efeito líquido depende da relação entre o aumento nos preços das commodities e a queda na cotação do dólar. Além disso, máquinas, equipamentos e royalties ficarão mais baratos, estimulando o investimento. Para o setor exportador, a notícia não é tão boa, pois os produtos brasileiros ficarão mais caros no exterior, mas no agronegócio somos competitivos o suficiente para suportar o real um pouco mais valorizado. Há, enfim, um sinal positivo na economia brasileira.

Sem carnaval, há prejuízo

A não realização do Carnaval em 2022 vai reduzir a movimentação financeira em Salvador em cerca de R$ 1,9 bilhão, pois os gastos de 1,2 milhão foliões deixarão de ser feitos. O valor inclui despesas de alimentação, hospedagem, bebidas, transportes, comércio. Cerca de R$ 143 milhões também deixarão de ser pagos a 120 mil trabalhadores. E a cidade não terá os recursos injetados pelos patrocinadores, que só no setor público atingiu R$ 40 milhões em 2021. Não terá também os recursos gastos por estado e prefeitura na montagem da festa e haverá perda de arrecadação de ICMS. Os números são de pesquisa de Carlota Gottschall e Marcos Barreto para 2021 e atualizados para valores de 2022.

Mas o turismo está em alta

A perda financeira que vai representar mais um ano sem carnaval é expressiva, mas não há como fazer uma festa dessa magnitude com os índices de contágio da Covid 19 em alta. Por isso, Salvador e outras cidades do estado têm de se contentar com o crescimento do turismo no verão, mesmo sem grandes eventos, o que já é uma realidade. A taxa de ocupação média dos hotéis nos dois primeiros meses de 2022 está em torno de 70%, bem acima da observada no mesmo período do ano passado. E essa taxa é bem maior em determinados destinos turísticos. Janeiro foi o melhor mês para a hotelaria em Salvador, desde quando a pandemia começou. E, mesmo sem carnaval, fevereiro promete números mais expressivos.

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