A visita de Xi Jinping e a conexão Bahia/China
Confira a coluna do economista Armando Avena
Nesta quarta-feira, o líder chinês Xi Jinping encontrou-se com o presidente Lula em uma reunião bilateral sem precedentes e isso foi muito bom para a Bahia. Escrevo este artigo antes da reunião e, portanto, ainda não posso avaliar os acordos que foram assinados. Mas é possível dizer que, sob o ponto de vista do Brasil, a visita vai elevar a um novo patamar as relações comerciais entre Brasil e China. Sob o ponto de vista da economia brasileira, já estão negociados acordos nas áreas de finanças, infraestrutura, cadeias produtivas, transformação ecológica e tecnologia e integração chinesa e sul-americana. E, sob o ponto de vista da Bahia, a visita de Xi Jinping vai ampliar as oportunidades de negócios com a China, que já é nosso maior parceiro comercial e de investimentos.
A conexão Bahia/China já pode ser avaliada em vários setores. No comércio exterior, a China é o maior comprador de produtos baianos e entre janeiro e outubro de 2024 para lá foram destinados quase 30% das nossas exportações. As exportações baianas para a China quase triplicaram desde que o presidente Lula visitou o país em 2004 e hoje superam as vendas que a Bahia faz para seus 4 maiores exportadores – Singapura, Estados Unidos, Canadá e Espanha –, somados. As exportações baianas para a China são maiores do que o total exportado para todos os países da União Europeia e são diversificadas, incluindo soja, celulose, algodão e dezenas de outros produtos como óleo combustível, químicos e petroquímicos, calçado, a carne bovina e ferro. A Bahia é o estado do Nordeste que mais exporta para a China e está em 10º lugar entre os estados brasileiros que mais vendem produtos aos chineses
Além do comércio exterior, a Bahia passou a ser um importante espaço de investimento chinês, em setores que incluem a fabricação de carros elétricos, o agronegócio, a infraestrutura, a indústria, placas solares, energia renovável e muito mais. E cabe incluir a ponte Salvador/Itaparica cuja construção já tem contrato assinado com empresas chinesas.
Outro tema fortalece a conexão Bahia/China: a logística. O navio MSC Orion, que atraca no Porto de Salvador, já estabeleceu a rota Bahia/Ásia e com 366 metros de comprimento pode ampliar sobremaneira nosso comércio com a China, pois tem a capacidade de transportar mais do que todos os contêineres presentes atualmente no Porto de Salvador.
E há ainda um tema na agenda Brasil/China que interessa a Bahia: a participação do Brasil, ainda que de forma não oficial, mas baseada em projetos em que haja sinergia explícita entre os países, na "Nova Rota da Seda" — um megaprojeto de infraestrutura com investimentos de cerca de US$ 1 trilhão em diversos países no qual, se tiver ferrovias e portos competitivos, a Bahia poderá se integrar.
A conexão Bahia/China é uma realidade, por isso a visita de Xi Jinping ao Brasil é importante para o comércio e os investimentos baianos e, de tal maneira, que atualmente, em termos de expansão de negócios, mais vale aprender mandarim do que inglês.