As oscilações do dólar e da bolsa
Confira a coluna do economista Armando Avena
O dólar e a bolsa de valores são ativos voláteis por excelência, por isso é preciso ter cuidado na hora de investir e de analisar seus movimentos. E é sempre bom lembrar que tanto um quanto outro são influenciados, no curto prazo, por movimentos de mercados, nacionais e internacionais, e por fatores políticos e econômicos. Esta semana, por exemplo, a cotação do dólar chegou a R$ 5,05 o maior nível desde outubro de 2023. Foi um movimento conjuntural que está acontecendo porque – como a economia americana continua crescendo e gerando emprego e, com isso, pressionando a inflação –, o banco central de lá manteve os juros altos. E como os títulos americanos são os mais seguros do mundo, se os juros permanecem altos, boa parte do dólar corre para lá, diminuindo a oferta e fazendo a cotação aumentar em todos os países. Então, o Banco Central brasileiro, que tem reservas de mais de 300 bilhões de dólares, passa a vender dólares para aumentar a oferta e fazer a cotação baixar. É simples assim e por causa dessa instabilidade não vale a pena investir em dólar, a não ser para quem especula no curto prazo.
No que se refere à bolsa, a volatilidade é a mesma. Movimentos de grandes investidores nacionais ou internacionais fazem o índice da bolsa subir ou descer e ocorre o mesmo por causa de fatores políticos ou econômicos. É risível quando aparece uma manchete do tipo: empresa perdeu bilhões em valor de mercado nesta terça-feira na bolsa. É cômico, se não fosse trágico, pois muitas pessoas assustadas vendem suas ações sem perceber que é um movimento de curtíssimo prazo. Um exemplo: no dia 8 de março saiu em todos os jornais que a Petrobras havia perdido R$ 55,3 bilhões em valor de mercado, pois a ação caiu para cerca de R$ 36,00 por causa do imbróglio dos dividendos extraordinários. Hoje, menos de um mês depois, a Petrobras já recuperou tudo e a ação está cotada a R$ 39,00. Claro, no curto prazo, muita gente ganhou ou perdeu dinheiro com a volatilidade, mas, se o leitor não é especulador, a bolsa é ativo de longo prazo e são os balanços anuais e trimestrais e as condições do mercado de cada setor que vão determinar o valor futuro dos papéis. Outro exemplo: quem comprou ação da Braskem por R$ 42,00 em janeiro de 2022, viu ela cair para o patamar de R$ 20,00 e, para completar, a empresa deu prejuízo em 2023. Então é hora de vender? Ao contrário, vender agora é realizar o prejuízo, é hora de comprar para reduzir o preço médio de cada ação, pois a Braskem é um grupo sólido que já teve proposta de compra de grandes empresas e, no médio prazo, só tende a se valorizar.
E aqui chegamos a essência deste artigo que é dizer ao meu leitor, especialmente o pequeno investidor, que fuja dos investimentos em dólar que são voláteis e de baixo rendimento, e que prefira as aplicações de renda fixa que ainda estão oferecendo boas oportunidades no mercado. Mas tenha sempre em mente que, à medida que os juros reais caem, as aplicações em bolsa, especialmente aquelas com boa política de distribuição de dividendos, ficam mais atrativas, mas no longo prazo.