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Como reduzir o preço dos combustíveis?

Publicado quinta-feira, 21 de outubro de 2021 às 06:03 h | Autor: [email protected]
Em alguns países as empresas petrolíferas são obrigadas a ter estoques e forçadas a vender reservas em caso de alta nos preços | Agência Brasil
Em alguns países as empresas petrolíferas são obrigadas a ter estoques e forçadas a vender reservas em caso de alta nos preços | Agência Brasil -

O aumento no preço dos combustíveis é hoje um grande gargalo na economia brasileira, porque cada aumento no preço do diesel e da gasolina ativa uma cadeia de aumentos generalizados em vários segmentos da economia. Está na hora, portanto, de usar o bom senso para resolver a questão. Se abandonamos o aspecto político, é fácil perceber que o problema não é culpa de ninguém, mas todos os atores envolvidos – Petrobras, governo do Estado, governo federal – poderiam fazer mais do que estão fazendo.

No caso da estatal, o problema é o refino, cuja margem de lucro é baixa, e assim interessa pouco a empresa. Um exemplo é a Refinaria Landulpho Alves, que opera atualmente bem abaixo de sua capacidade. Esse segmento já deveria estar totalmente privatizado, mas enquanto isso, a Petrobras poderia aumentar a produção local, mesmo lucrando menos. Os governos estaduais, por outro lado, fizeram do ICMS do combustível sua tábua de salvação e as alíquotas cobradas são absurdas, já que os combustíveis não são bens supérfluos, como álcool ou cigarro, e deveriam ter um limite de tributação.

O estabelecimento de uma política de redução das alíquotas deveria ser um objetivo imediato, de médio prazo, e discutido com o governo federal, com cada ente perdendo um pouco em prol de todos. O mesmo com relação à famosa pauta de ponderação de preços, que precisa ser redefinida, não com o projeto casuístico que foi aprovado na Câmara, que vai reduzir agora um “nada” no preço do combustível, para subir um “muito” daqui há dois anos, quando o preço do petróleo cair e a ponderação levar em conta o preço de hoje. É o famoso projeto empurra com a barriga.

A questão central é uma só: o estado não pode regular os preços dos combustíveis, mas esses preços não devem variar livremente ao sabor do preço internacional do petróleo e muito menos ser repassado diariamente, ou quase, à população e à economia. Qual a solução então? São várias as maneiras: em alguns países as empresas petrolíferas são obrigadas a ter estoques e são forçadas a vender essas reservas em caso de alta nos preços. Em outros países, se estabelece um fundo de reserva, com impostos sobre o lucro e royalties do petróleo, e esses recursos são usados para compensar as oscilações de preços.

No Chile, há um tributo que é composto de uma alíquota fixa e outra variável, sendo que esta muda para garantir que a oscilação do preço por litro nos postos não ultrapasse 5 pesos chilenos, num sistema tipo: o petróleo sobe, o imposto cai. Há outras possibilidades e umas funcionam mais que outras, mas todas são políticas de longo prazo. O Brasil precisa ter uma política desse tipo, mas, infelizmente, ao sul do Equador, o que vale é o curto prazo e a agenda político-eleitoral.

Furou o teto, subiu o dólar

 A cotação do dólar está neste momento respondendo inteiramente à sua função de reserva de valor e ao mercado especulativo. É a moeda mais segura do mundo, assim, havendo instabilidade política, inflação em alta e expectativa de uma disputa eleitoral violenta e polarizada, quem tem dinheiro e procura segurança, corre para o dólar. A única forma de conter esse movimento é o Banco Central manter a política de juros altos, para controlar a inflação e a especulação, e o governo garantir austeridade fiscal. Se o governo resolve furar o teto de gastos, ele derruba um dos pilares de segurança e a cotação da moeda dispara. E cria o ambiente ideal para o mercado especular com a moeda americana.

ACM Neto e a Barra

Este colunista sempre foi favorável à intervenção urbana na Barra realizada pelo ex-prefeito ACM Neto. Com ela, turistas e baianos passaram a frequentar o local. No mundo inteiro, locais como esse precisam de movimento, pessoas que dão vida ao bairro. E para que a Barra não virasse um cenário, foi necessário mudar o PDDU e adotar um maior nível de verticalização.  Pois bem, o número de novas construções disparou e mostra que a ação está dando certo. Claro, ainda é preciso ajustes urbanos importantes e o governo do Estado tem de reduzir a violência e policiar o bairro na base da tolerância zero. Se isso for feito, a Barra vai se consolidar como um point de turismo, moradia e investimento.

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