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Armando Avena

Por Armando Avena

ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 15 de outubro de 2025 às 5:09 h • Atualizada em 15/10/2025 às 20:39 | Autor: Armando Avena - A TARDE

Crise no Polo Petroquímico! O que fazer?

Coração industrial da Bahia enfrenta um "esvaziamento silencioso"

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Pólo petroquímico industrial de Camaçari

Na foto: Vista do pólo industrial de Camaçari

Foto: Olga Leiria / Ag.  A Tarde

Data: 12/04/2022
Pólo petroquímico industrial de Camaçari Na foto: Vista do pólo industrial de Camaçari Foto: Olga Leiria / Ag. A Tarde Data: 12/04/2022 -

O Polo Petroquímico de Camaçari, que engloba mais de 90 empresas e é o coração industrial da Bahia, está em crise. A crise é estrutural e afeta não apenas Camaçari, mas toda a indústria petroquímica brasileira, e resulta da combinação de vários fatores.

O Polo de Camaçari é um polo naphtha-based. Isso significa que, além do problema básico da petroquímica brasileira – o custo do gás natural, que é o triplo do mercado internacional – Camaçari tem um problema adicional, pois compra nafta da Petrobras pelo dobro do preço de uma petroquímica gas-based.

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Mais de 80% da produção da Braskem em Camaçari, que fornece matéria-prima para outras empresas, depende da nafta. A nafta cara está inviabilizando a produção porque é vendida, pela Petrobras, indexada ao preço internacional (+ custos internos + impostos), enquanto concorrentes têm acesso a gás natural subsidiado e incentivos logísticos.

Há outros polos petroquímicos no Brasil que usam nafta, como o do Rio de Janeiro e o de Triunfo, no Rio Grande do Sul, e todos têm o mesmo problema do Polo de Camaçari. A nafta é vendida muito acima do preço internacional e, ainda assim, com baixa oferta, porque uma parte dela é usada na mistura do combustível automotivo.

As petroquímicas brasileiras estão comprando nafta importada - algo como 70% de suas necessidades - que tem oferta e é mais barata. E trabalham com capacidade ociosa.

A Braskem, por exemplo, tem 40% de capacidade ociosa, e isso gera um efeito dominó em todo o polo, com a queda na produção de insumos intermediários, fechamento de pequenos fornecedores e redução de exportações. O mesmo problema da nafta – pouca oferta e preço alto – afeta o gás natural e as petroquímicas gas-based estão com o mesmo problema.

Agregue-se um terceiro ponto, pois, nesse tipo de indústria, os custos unitários de fabricação diminuem à medida que se tem elevada capacidade instalada de produção, e as centrais petroquímicas brasileiras são pequenas se comparadas com os mamutes petroquímicos dos EUA e da Arábia Saudita, que, além de tudo, são beneficiados com pesados subsídios.

Do que foi dito, fica claro que a solução da crise petroquímica no Brasil e na Bahia passa pelo aumento da oferta de nafta e gás natural, e por um preço mais justo que possa viabilizar a competitividade.

“A solução da crise petroquímica é nacional e passa pelo aumento da oferta, por preços mais justos da nafta e do gás natural e, posteriormente, pelo aumento da escala de produção. Isso precisa ser feito no bojo de uma política de subsídios ao setor, e os governos regionais deveriam estar se mobilizando”, diz André Passos Cordeiro, presidente da Abiquim - Associação da Indústria Química Brasileira.

Passos Cordeiro se refere ao Projeto de Lei 892/2025, que institui o Presiq - Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química, que redesenha o regime especial da petroquímica no Brasil, viabilizando incentivos para a indústria, mas tendo como alicerce o compromisso com a descarbonização, com a economia de baixo carbono e com o aumento da competitividade industrial do país no mundo.

A verdade é que Camaçari vive um processo de esvaziamento silencioso. Grandes empresas encerraram ou reduziram operações, outras enfrentam dificuldades com custos crescentes, e novos investimentos estão escasseando. Em 2025, por exemplo, o setor químico e petroquímico baiano já acumula queda superior a 10% na produção em relação a 2024.

A recuperação do Polo Petroquímico de Camaçari tem de vir no bojo de uma estratégia nacional para a indústria petroquímica e exige uma ação estratégica e coordenada entre governos federal e estaduais, setor privado e instituições que representam o setor. Algumas medidas são essenciais, como o aumento da oferta e a redução do preço do gás natural/nafta; o estímulo ao aumento da escala de produção; e a diversificação produtiva, com base em indústrias de química verde, bioenergia e reciclagem química.

É preciso agir em prol de uma política de realinhamento da petroquímica nacional para, assim, manter ativo e produtivo o Polo Petroquímico de Camaçari, lutando para transformá-lo em um hub de química sustentável e energia limpa.

As bets e os deputados

A proposta que previa ampliar a taxação sobre as bets, elevando a alíquota de 12% para 18% sobre a receita bruta das apostas, é o tipo de proposta consensual em todos os países do mundo.

Na maioria deles, o imposto é superior a 20% e tem de ser assim, pois essas empresas tiram recursos dos mais pobres, e a única forma de devolver alguma coisa a eles é via tributação. Isso sem contar que bens e serviços supérfluos, a exemplo de álcool e cigarros, e com caráter viciante, precisam ter um imposto maior.

Só é aumento de carga tributária sob o ponto de vista formal; no mais, é proteção ao trabalhador. Será que é muito difícil um deputado entender isso?

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