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Investimento em renda fixa

Publicado quinta-feira, 19 de maio de 2022 às 06:04 h | Autor: Armando Avena
É preciso buscar outras aplicações, como as Letras de Crédito Imobiliário
É preciso buscar outras aplicações, como as Letras de Crédito Imobiliário -

Em tempos de inflação de dois dígitos, recebo muitos e-mails pedindo dicas de investimentos de renda fixa, os mais procurados nesses tempos de inflação. Não sou especialista no assunto, pois me dedico mais à chamada macroeconomia, por isso sempre recomendo a consulta a um operador do mercado ou gerente de banco, ainda que esses profissionais tenham metas a cumprir e muitas vezes indiquem aplicações de acordo com as prioridades dos bancos ou corretoras. 

Apesar disso, é possível indicar algumas possibilidades de aplicação, não para os grandes investidores que possuem equipes especializadas, mas para o pequeno e médio investidor que quer proteger seu dinheiro da inflação. E aqui vale dizer, desde logo, que o rendimento da poupança fica abaixo da inflação e a maioria dos fundos de renda fixa também, porque a taxa de administração e os impostos comem a maior parte da rentabilidade. Por isso é preciso buscar outras aplicações no mercado como, por exemplo, as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), emitidas por bancos e instituições financeiras para financiar o setor.  Esses papéis viabilizam uma rentabilidade da ordem de 95% a 97% do CDI – Certificado de Depósito Interbancário (CDI) e às vezes até mais, a depender do valor e do prazo e são seguras e isentas de Imposto.  Se o aplicador conseguir 97% do CDI vai ter um rendimento bem próximo da taxa Selic do período. O problema é que a demanda por esses papéis cresceu tanto que alguns bancos estão com lastro baixo de recursos para esse tipo de aplicação. Outro bom investimento é o chamado Tesouro Direto, títulos emitidos pelo governo, cuja rentabilidade pode ser prefixada, ou seja, definida a priori e pode ser bom para quem acha que os juros vão começar a cair; ou pós-fixada, que rende a variação da Selic, e é bom para quem acha que juros seguirão em alta. E tem a híbrida, que rende o IPCA mais uma taxa de juros determinada. São os títulos mais seguros do mercado, mas geralmente exigem prazo maior para o vencimento, embora possam ser sacados a qualquer momento, após um período de carência. 

No mercado existem LCA e LCI com prazo de até três meses, após os quais o dinheiro pode ser sacado gradualmente sem restrições. Existe também o CDB – Certificado de Depósito Bancário, mas nele incide imposto. Uma LCI com rendimento de 93% do CDI, por exemplo, é muito mais vantajosa do que um CDB com retorno bruto de cerca de 120% do CDI. Lembrando que isso depende muito do título. CDBs também podem ser prefixados, com a taxa de juros anual definida a priori; pós-fixado, atrelado à variação do CDI e híbrido, que mescla as duas formas. Se um CDB paga como rendimento bruto 100% do CDI, o investidor está perdendo poder aquisitivo, pois o imposto de renda pode chegar a 22,5%. E se o prazo for menor do que 30 dias, haverá cobrança de IOF. E um detalhe: o CDB tem proteção do Fundo Garantidor de Crédito, mas só até um teto de R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. 

É bom, portanto, averiguar que empresa privada está emitindo o título, quando for o caso. No mercado existem outras aplicações de renda fixa emitidas por bancos e empresas privadas. Por exemplo, as debêntures, que representam um empréstimo feito para uma empresa de qualquer setor financiar seus projetos. Elas oferecem maior rentabilidade e têm prazo de vencimento mais longo, mas aí é preciso ter um enorme cuidado com o risco de crédito da empresa. Essas são apenas algumas aplicações no mercado de renda fixa e todas precisam ser analisadas de forma criteriosa, verificando antes de tudo os objetivos do investidor.

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