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Armando Avena

Por Armando Avena

ACERVO DA COLUNA
Publicado Thursday, 19 de September de 2024 às 1:00 h | Autor: Armando Avena - A TARDE

Mesmo com deflação, Banco Central aumenta os juros

Confira a coluna do economista Armando Avena

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Imagem ilustrativa da imagem Mesmo com deflação, Banco Central aumenta os juros
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O Copom – Comitê de Política Econômica aumentou os juros em 0,25%, mas as justificativas para elevar a taxa Selic para 10,75% não se sustentam. Os argumentos são: as expectativas de inflação colhidas pelo boletim Focus; a alta do dólar; o crescimento do PIB e a necessidade de afirmar a credibilidade da nova composição do Comitê de Política Monetária (Copom). Nenhum deles tem sustentação. Os preços não estão subindo, pelo contrário, estão caindo e a inflação, medida pelo IPCA, registrou deflação no mês de agosto. A inflação acumulada está em 2,85% no ano e em 12 meses vai ficar em torno de 4%, abaixo do teto da meta. Além disso, só o Copom acredita nas previsões do Boletim Focus, que vem errando todos os anos e que reflete apenas as expectativas do mercado financeiro. O mais grave, porém, é que o modelo econométrico do próprio Banco Central aponta para uma inflação que converge para a meta de 3% em 2026, mesmo com a Selic estacionada. Ou seja, não era preciso aumentar os juros! As oscilações na cotação do dólar tampouco justificam a elevação, não só porque essas oscilações estão se dado para cima e para baixo, como também não tem se verificado repasse expressivo nos preços e, além disso, a queda dos juros americanos, de 0,5%, tende a injetar dólares na economia, fazendo baixar a cotação. E mais: o desmonte do carry trade, a mudança de posições que faz o dólar subir, já se esgotou com a postura conservadora do Banco do Japão. Por outro lado, embora o crescimento do PIB e a queda do desemprego sejam uma realidade, esses movimentos não parecem estar pressionando os preços, até porque a taxa Selic de 10,50%, uma das maiores do mundo em termos reais, já estava suficientemente restritiva, para permitir que o crescimento do PIB dispare. Sim, mas há incertezas fiscais, dirão alguns. Como já mostramos nesta coluna, embora haja necessidade de maior corte de gastos, não existe qualquer indício de crise fiscal e o crescimento real das despesas verificado no primeiro semestre, já está sendo compensado pelo aumento da arrecadação. Por que então o Copom aumentou os juros? O motivo determinante foi a busca de credibilidade, foi de mostrar independência, aumentando os juros em 0,25% quando os Estados Unidos estão reduzindo em 0,50%. É um equívoco, pois à medida que a inflação se mostrar controlada, a sociedade vai exigir juros menores e mostrar o caráter não técnico da decisão. O Copom subiu os juros para ter de cortar logo em seguida e isso vai ter efeito contrário e minar a credibilidade do Banco Central. Mas o pior é que o aumento nos juros põe um freio desnecessário nos investimentos que começaram a crescer no segundo semestre. Ao aumentar os juros sem necessidade, olhando para o próprio umbigo, os diretores do Banco Central afirmaram seu egocentrismo, mas prejudicaram o setor produtivo e o crescimento do PIB. Felizmente, a economia brasileira é tão pujante que não será 0,25% de aumento dos juros que vai fazer o país parar.

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