Nobel 2024: por que há países ricos e pobres?
Confira a coluna do economista Armando Avena
Por que alguns países se tornam desenvolvidos e outros não? A razão está na forma como foram colonizados e nas instituições que criaram. Quem afirma são três economistas, Daron Acemoglu, Simon Johnson e James Robinson, que ganharam o Prêmio Nobel de Economia em 2024.
Os estudiosos já sabiam que a forma de colonização – extrativista ou de povoamento –, resultou em países mais prósperos e outros mais atrasados, mas esses autores avançaram mostrando que as instituições criadas foram determinantes para a pobreza ou para riqueza. Segundo eles, em alguns países os colonizadores formaram sistemas políticos e econômicos inclusivos visando benefícios de longo prazo para quem migrasse. Em outros, o sistema econômico e político era extrativo, tinha como único objetivo explorar a população originária e, no curto prazo, extrair os recursos em benefício dos colonizadores.
Cada tipo de colonialismo levou a formação de um arcabouço de instituições que se perpetuaram e, assim, até hoje nos países pobres essas instituições permanecem não inclusivas e continuam explorando a população em favor de uma elite que captura o Estado.
Em resumo: naqueles países que eram pobres, não tinham ou não haviam sido descobertos riquezas naturais, os colonizadores introduziram instituições inclusivas, para beneficiar a maior parte da população; já naqueles que eram ricos, que possuíam ouro ou recursos naturais, foram construídas instituições não inclusivas, extrativistas, que visavam enriquecer rapidamente os colonizadores. Resultado: os que eram pobres tornaram-se ricos, os que eram ricos tornaram-se pobres, pois sua riqueza beneficia poucos.
Os países que criaram historicamente instituições extrativistas tendem a mantê-las ao longo do tempo criando um sistema econômico e político que captura o estado em benefício de setores privados específicos. O Brasil é tipicamente um país que não conseguiu fazer a transição para transformar suas instituições extrativas em instituições inclusivas. Até hoje o sistema político se apropria de recursos de todos para beneficiar grupos específicos.
Basta ver o orçamento secreto, que tira dinheiro do povo para beneficiar os políticos e suas estruturas, ou o bilionário fundo eleitoral para ter certeza disso. Mas as instituições extrativas estão em todo o aparato de estado brasileiro, consubstanciadas em renúncias fiscais, isenções, leis e decretos que formam um sistema político-econômico que captura o gasto público em benefício de segmentos privados.
Para avançar na construção de uma sociedade de alta renda, países como o Brasil precisam ampliar a parcela da população que compõem a classe média e para fazer isso não é suficiente o crescimento econômico, é preciso que as instituições ajam no sentido de viabilizar a inclusão. A China é um exemplo de crescimento econômico, que continua com milhões de pessoas vivendo na miséria. Os economistas premiados afirmam também que instituições inclusivas estimulam um maior desenvolvimento de tecnologias e inovação e isso é a chave para tornarem-se economias de alta renda.