O turismo na Bahia vai bombar no verão
O turismo foi um dos setores mais afetados pela pandemia, mas, com a ampliação da vacinação, o cenário que se desenha é de um “boom” na atividade turística na Bahia no próximo verão. Os números já indicam isso e mostram que, em maio, as atividades ligadas ao setor cresceram 53% em relação ao mês anterior. E nos primeiros cinco meses de 2021, os serviços ligados ao turismo apresentaram crescimento de 4,2%, enquanto se registou uma queda de 5,5% na média nacional. É verdade que ainda não foram zeradas as perdas e no acumulado dos últimos 12 meses, o setor registra uma queda de quase 30%, mas em breve essa marca será superada.
Os brasileiros estão esperando apenas a pandemia refluir para começar a viajar e a classe média assalariada, aquela que manteve o salário no período do “fique em casa” e que, sem ter onde gastar fez uma poupança forçada, é quem vai liderar o processo. Pesquisa recente, realizada pelo Ipespe confirma isso, ao constatar que o desejo de viajar é maior entre os brasileiros do que comprar uma casa ou trocar de carro.
E em outubro, quando começa efetivamente o verão, mantido o atual ritmo de vacinação, a 1ª dose já terá alcançado toda a população brasileira e a demanda por viagens vai bombar. E aí o problema pode não ser a demanda, mas a oferta, pois a estrutura turística existente não será suficiente e pode faltar assento de avião e quarto de hotel, fazendo os preços aumentarem. O único senão a essa previsão será uma nova onda de contágio da variante delta, mas com a manutenção dos cuidados atuais e com a vacinação em massa essa hipótese fica mais distante.
O trade turístico já admite o crescimento do setor. Roberto Duran, presidente do Salvador Destination, por exemplo, aposta no crescimento e alerta que as rotas aéreas vão estar fortemente pressionadas, embora, segundo ele, Salvador tenha sido o aeroporto que mais cresceu o volume de rotas no pós-pandemia, inclusive com a recuperação do hub da Gol. Duran lembra, no entanto, que os setores envolvidos com o turismo na Bahia estão se recuperando de forma desigual e diz que o turismo de eventos, aquele que envolve congressos, grandes eventos e shows, terá recuperação mais lenta e só em abril de 2022 estará no auge. É provável, mas os eventos testes já anunciados podem agilizar esse cronograma. Aliás, no atual quadro é possível prever a realização do Réveillon de Salvador, sem problemas, dentro dos protocolos e dos limites que o bom senso estabelece.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – Bahia, Silvio Pessoa, é mais comedido e afirma que em junho os hotéis de Salvador registraram uma taxa de ocupação média de 34%, abaixo dos 50%, percentual mínimo para que não haja prejuízo. Mas em junho as medidas restritivas ainda estavam em vigor e Pessoa reconhece que bastou haver a liberação das praias em Salvador para a taxa de ocupação ter aumentado em 15%. E nas próximas semanas essa ocupação vai crescer, como já está ocorrendo em Porto Seguro, Praia do Forte e Morro de São Paulo que já registram taxas de ocupação próximas a 10 0%.
O foco será o crescimento no mercado doméstico, já que o turismo internacional está vinculado às restrições em cada país, mas ele vai ser tão forte quanto foi a queda. Sob o signo da vacinação em massa, o verão na Bahia vai bombar.
O teodolito e o vice
Encontro o vice-governador João Leão e indago se ele será candidato a governador em 2022. Leão diz que o governo Rui Costa tem 78% de aprovação e as características de um teodolito – referindo-se ao instrumento de precisão óptico com três pés –, com um pêndulo no meio. O PT, PSD e PP formam o teodolito e o pêndulo seria os partidos menores. “Não se pode quebrar um dos pés do teodolito, mas se houver consenso, sou candidato”, diz o vice. Pergunto sobre sua prioridade econômica: desconcentrar a economia baiana, que tem mais de 50% do PIB gerado na RMS, e dobrar a arrecadação do Estado. “E tenho um sonho: superar São Paulo. A riqueza da Bahia permite isso”, completa o vice-governador.