PIB desacelera, mas cresce em 2025; a inflação também
Coluna a coluna de Armando Avena

A economia brasileira segue rodando em modo crescimento e o PIB vai desacelerar um pouco, mas deve crescer entre 1,5% e 2% em 2025, talvez um pouco mais. O mesmo acontece com a inflação: está desacelerando, mas deve fechar o ano acima do teto da meta de 4,5%.
O crescimento do PIB será expressivo, mesmo com a altíssima taxa de juros de 14,25%. A prévia do PIB (IBC-Br) teve alta de 0,9% em janeiro e registrou alta de 0,4% em fevereiro. O IPEA estima uma alta de 1,9% no setor de serviços em 2025, enquanto a previsão para a indústria é de avanço de 2,1% e de 7% para o setor agropecuário.
A desaceleração da economia já pode ser sentida, pois o PIB está crescendo menos que ano passado e a taxa de desemprego subiu para 7% no trimestre, um aumento em relação aos 6,1% registrados no trimestre anterior, mas, ainda assim, é o mais baixo índice em 13 anos. Parte desse resultado reflete a injeção de recursos que o governo vem fazendo na economia, especialmente via crédito e outros expedientes. Mas, ainda assim, a vitalidade da economia, crescendo, apesar do enorme aperto monetário, impressiona.
A inflação está no mesmo diapasão. Os índices estão desacelerando, mas crescendo. Isso ocorre porque com níveis de emprego alto e com salários crescendo, registra-se ainda algum aumento de consumo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta de 0,56% em março, desacelerando em relação a fevereiro, que teve um aumento de 1,31%, e deve cair 0,44% em abril, demonstrando que os preços estão crescendo menos, mas seguem em alta, especialmente no setor de alimentos.
Em março, o grupo Alimentação e Bebidas, subiu 1,17%, respondendo por cerca de 45% da inflação do país e isso encarece a alimentação do brasileiro e, consequentemente, reduz a popularidade do governo. A inflação no ano já é de 2,04% e o acumulado em 12 meses (março de 2025/2024) é de 5,48%, bem acima do teto da meta. Esse é o maior problema do governo, que reza para que a safra que está sendo colhida tenha o condão de baixar os preços.
A questão fiscal não é problema no curto prazo e o arcabouço fiscal dará conta da situação em 2025 e, provavelmente, em 2026, mas daí em diante só Deus sabe e será imperioso intervir nas despesas do governo. A dívida interna segue crescendo acima do esperado, mas essa questão exige, ao mesmo tempo, redução de gastos do governo e da taxa de juros, responsáveis pelo seu crescimento.
Se o Banco Central aumentar mais os juros, como tudo leva a crer, o PIB pode crescer um pouco menos e pode ser que a inflação caia um pouco mais, mas preços de alimentos não respondem a aumento de juros e, provavelmente, juros próximos a 15% só irão desestruturar mais a economia e aumentar a dívida interna. Aliás, já há no Banco Central quem defenda a manutenção da atual taxa.
Em resumo: a economia brasileira vai crescer em 2025 e a taxa de crescimento média dos três anos de governo Lula será a mais alta em uma década, mas, se não houver uma safra arrasadora, a inflação vai chamar mais atenção do que o crescimento do PIB.