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Na solidão da cabine eleitoral, o eleitor deveria indagar: Estou votando pela paz ou pela divisão?

Publicado sexta-feira, 28 de outubro de 2022 às 10:50 h | Atualizado em 28/10/2022, 10:54 | Autor: Armando Avena
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No próximo dia 30 os brasileiros vão às urnas e um pouco de reflexão é sempre bom. E não se preocupe, leitor, não farei uma crônica tentando influenciar seu voto, que é soberano. Quero apenas discutir algumas questões.  Não creio, por exemplo, como se apregoa por aí, que o Brasil vai sair completamente dividido das eleições. Há quem diga que essa divisão entre os brasileiros vai persistir porque é ideológica, uma disputa entre esquerda e direita. Não creio nisso.

Desde que a democracia passou a reinar no Brasil, com o fim da ditadura militar, direita e esquerda conviveram em paz, cada um defendendo suas ideias e suas propostas e houve luta política, eleições disputadíssimas, impeachments e tudo o que ocorre no enfrentamento político, mas não havia ódio, não havia vontade de eliminar fisicamente o adversário.

Há quem diga também que a divisão entre os brasileiros aconteceu por causa da corrupção. Não creio nisso. É verdade que sempre houve algo de podre no império e na república brasileira – e nos últimos anos podemos colocar o petrolão e o orçamento secreto  como exemplos –, mas isso sempre foi resolvido no âmbito do Poder Judiciário, sem misturar política e justiça como vem sendo feito nos últimos anos.

Na verdade,  nem a dicotomia entre esquerda e direita, nem a corrupção são responsáveis pelo ódio que se disseminou entre os brasileiros, ele passou a existir a partir do momento em que se tornou instrumento político.

Passada a eleição, a polarização que existe entre os brasileiros não persistirá ou ficará restrita a um pequeno grupo raiz que vive e se alimenta de ódio e que acha possível recepcionar a Polícia Federal com fuzis e granadas.

A divisão entre os brasileiros vai acabar se o eleitor votar em alguém que deseje a paz e respeite a democracia. A disputa se arrefecerá se o presidente eleito tiver consciência de que ele não será apenas o presidente daqueles que o elegeram, mas o presidente de todos os brasileiros, como assim determina a democracia. Se assim for, estará estabelecida a busca pela conciliação e pela paz. Mas para que isso aconteça o presidente que perder tem que aceitar o resultado das eleições e o presidente que ganhar tem que acenar para todos.

Dito isso, a mim só resta uma escolha possível nessas eleições, pois este cronista jamais votaria num candidato que tem entre os seus objetivos destruir a democracia, que simpatiza com a ditadura militar, elogia torturadores, não descarta intervir a Suprema Corte, propõe armar a população, não tem empatia com o sofrimento do povo, como na pandemia, e apresenta um comportamento misógino, homofóbico e retrógado.

O leitor pode fazer outras escolhas, é seu direito inalienável, mas na solidão da cabine eleitoral, antes de apertar o botão confirma, ele deveria indagar a si mesmo: estou votando em alguém que vai promover a conciliação e a paz ou naquele que pretende ampliar a divisão entre os brasileiros?

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