A Bahia está de luto!
Luiz Coutinho, advogado e Conselheiro Federal da OAB, homenageia o professor Dylson Dória
Ao final deste domingo perdemos o Prof. Dylson Dória, inequivocamente, o maior advogado baiano!
Nascido em 12 de março de 1939, filho de Hidelbrando e D. Olga, estudou no ginásio Dom Macedo Costa e no Colégio da Bahia, graduando-se em 1957 na Universidade Federal. Advogado militante por mais de 50 anos, foi destacado professor da Universidade Católica de Salvador.
Como professor, um exemplo de organização e didática. Letra impecável e provas corrigidas de forma única. Respostas anotadas em folha apartada com novas lições sobre acertos e equívocos, sempre com a missão de ensinar os conteúdos que estavam em sua obra Curso de Direito Comercial, publicado em mais de uma dezena de edições pela Editora Saraiva, consagrando-o como um dos grandes autores do Direito Brasileiro.
Inspirador. Nascido em Itapagipe, desde cedo demonstrou que cruzaria a cidade baixa para registar o seu nome com “letras de ouro” nos Tribunais Brasileiros.
Dono de uma cultura jurídica admirável, resultado de sua persistência e dedicação aos estudos, até mesmo nas festas em sua residência, não raro era se trancar no gabinete para fazer alguma leitura, mesmo que fosse o Diário do Poder Judiciário, o qual devorava, diariamente, com um lápis na mão, sabendo de todos os processos que estavam correndo no foro da Bahia.
Rápido no pensamento, estrategista nos processos, escrita fácil e poder de síntese inigualável. Quando iniciava um processo já havia pensado em todas as fases, nas várias hipóteses e saídas para cada alternativa. Um homem além do seu tempo. Membro da Academia de Letras Jurídicas, foi, também Procurador Geral do Estado. Conhecia profundamente o direito civil e comercial, para além do processo civil que inegavelmente é a base de todo bom advogado.
Estudioso, dedicado, capaz, sempre pronto para uma intervenção precisa e cirúrgica em qualquer processo. Entendia do riscado. Respeitado e temido pelos adversários, colecionava vitórias em grandes causas e com teses que ele era responsável por criar e provar.
O seu escritório de advocacia, desde a época do Edf. Cruz, era quase um templo, frequentado por empresários, políticos e amigos que se portavam como es estivessem diante de uma espécie de oráculo, levavam dúvidas e saiam com respostas.
Eis que num domingo, após almoçar com os filhos, conversou, sorriu, contou causos e resolveu descansar, desta vez, para sempre. Deixou um legado, uma história, muitas memórias e várias lições. Para mim, em especial, o que verdadeiramente é ser advogado.
Finalizo reafirmando que a BAHIA ESTÁ DE LUTO, a advocacia perdeu um dos seus melhores quadros, mas como afirmou Leonardo da Vinci; “Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça lembrado.”. Ganha o céu, que nesta noite de lua cheia, recebeu uma candente estrela e um grande advogado.
Vá em paz, descanse Professor, obrigado por todas as aulas, por aqui fico como seu aluno de sempre e grande admirador!
Luiz Coutinho, advogado e Conselheiro Federal da OAB