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Por Armando Avena*

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ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 31 de maio de 2024 às 0:00 h | Autor:

Com a cabeça na boca do tigre

Confira o artigo do economista Armando Avena

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Imagem ilustrativa da imagem Com a cabeça  na boca do tigre
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Quando Winston Churchill foi nomeado primeiro-ministro da Inglaterra, em maio de 1940, Hitler iniciava a invasão da França, da Bélgica e dos Países Baixos. Havia invadido a Polônia em 1939, o que fez a Inglaterra e a França declarar guerra à Alemanha. As tropas do Reich também invadiram a Dinamarca e a Noruega. Mesmo com esse cenário, ainda havia no parlamento inglês defensores da política de apaziguamento e da busca por um acordo de paz com Hitler. Em uma das reuniões do gabinete de guerra, Lorde Halifax, seguindo a mesma linha de Neville Chamberlain que havia negociado o Pacto de Munique com Hitler – logo rompido –, afirmava que era necessário negociar um tratado de paz. Churchill ouviu as perorações do secretário de relações-exteriores, mas logo respondeu irritado:

“Quando é que vamos aprender a lição? Quantos outros ditadores vão ter de ser aclamados e apaziguados até aprendermos? Não se pode negociar com um tigre com a cabeça dentro da sua boca”.

Ao compreender que um ditador não tem limites e que não há negociação possível com quem está em busca do poder total, Churchill tornou-se o grande líder do Ocidente e fez o sistema democrático, que muitos diziam ser lento e ineficiente, vencer a guerra e a ditadura. Mas a guerra não teria acontecido se a democracia alemã não tivesse sucumbido à ideia de que o governo parlamentar era fraco e incapaz de resolver a grande crise da Alemanha. E assim, mesmo com o Partido Nazista tendo apenas 33% dos votos, os conservadores convenceram o presidente Hindenburg a nomear Adolf Hitler como chanceler em 1933. Eles conheciam as ideias nazistas de Hitler, elas estavam no seu livro, Mein Kampf, e nos seus discursos. Mas parte do povo alemão acreditou que um governo forte e autoritário seria melhor do que uma democracia com o poder dividido, como deve ser em todas as democracias. Deu no deu e estima-se que 70 milhões de pessoas morreram por causa disso.

Estamos em 2024 e o mundo corre novamente o risco de ver chegar ao poder no mais importante país do planeta, um homem sem limites, histriônico, corrupto, misógino, homofóbico e xenófobo, em tudo parecido com Adolf Hitler. Este homem reafirma suas ideias absurdas. Nega as vacinas e o aquecimento global, afirma que não vai apoiar a Otan e diz que Vladimir Putin é um grande líder, o que soa quase como um convite para uma invasão russa na Europa Ocidental.

São apenas bravatas, dirá o leitor. Assim também pensava aqueles que colocaram Hitler no poder em 1933. Em novembro, os americanos vão eleger seu presidente, e se Donald Trump, que não respeita a democracia e estimulou um ataque ao Capitólio, for eleito, será movido pela vingança e pelo desejo de poder e vai colocar na chefia do exército mais poderoso do mundo homens que, como ele, não respeitam os limites da razão. Os americanos podem estar colocando a cabeça na boca do tigre.

*Escritor, jornalista e economista, membro da Academia de Letras da Bahia – ALB - [email protected]

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