Energia nuclear: descartá-la?
Cofira o artigo de Georges Humbert
As mudanças climáticas, eventos extremos, guerras em curso e a transição energética, temas da ordem dia, suscitam o debate sobre a garantia da vida digna, com acesso a energia de forma segura, constante e acessível do ponto de vista do preço e da justa distribuição. O cenário se divide entre o sensacionalismo dos que apenas admitem o uso de energias das fontes ditas renováveis, enquanto outros não abrem mão do uso de combustíveis fósseis como base. Neste contexto, isolam-se os entusiastas da Energia Nuclear. Na Europa ainda são muito utilizadas, em desuso progressivo pelo Japão, que muito depende dela. E no Brasil, deve-se, ou não, descartá-la?
Variados são os fatores que devem fundamentar a política pública nesta seara: viabilidade financeira, ambiental, disponibilidade de matéria prima e volume de produção são de rigor. Esta equação é complexa e somente pode ser resolvida mediante sólidos programas de governo, jamais com base em fatos isolados ou sem se consubstanciar num estudo científico.
Precisa-se de energia para a materialização do direito a uma vida digna. As fontes precisam ser diversificadas, considerando-se, neste passo, as questões econômicas, sociais, do meio ambiente e mesmo de segurança nacional, mediante decisão fundamentada em planos e estudos, jamais num único argumento, menos ainda na crise japonesa atual. Propagar, induzir e financiar a diversificação da matriz energética, especialmente as renováveis, é dever do Poder Público.
Mais importante, no país, é investimento em inovação, tecnologia, distribuição, infraestrutura e exploração de riquezas naturais minerarias, como fez todo o mundo. Abrir mão disso, é atentar contra a soberania nacional, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e das desigualdades sociais, para alcançar a vida digna.
Há destaque, na atual política pública energética em execução, para a crescente instalação e exploração das fontes renováveis de parques eólicos, de zonas produtoras de biocombustíveis e do incremento da base solar, desde que, sem preterição absoluta doutras como petróleo, gás e, claro, a ampliação e modernização das capacidades nucleares.
Não existe a melhor, a totalmente limpa ou a mais sustentável fonte de energia. Todas têm atributos e impactos positivos e negativos. Nenhuma, isoladamente, é capaz de assegurar o amplo e estável acesso a este bem essencial à vida.
A diversidade de matrizes, portanto, conceber as mais variadas fontes, inclusive a nuclear, é medida da Sustentabilidade, da Ciência, da Lógica e o que impõe a Constituição. Descartar e demonizar a energia nuclear ou qualquer outra é negacionismo e inconstitucional. O equilíbrio, a pluralidade, o planejamento e o investimento em infraestrutura, tecnologia e inovação, são as palavras de ordem para a melhor e mais segura transição energética do Brasil.