Energia Renovável é necessariamente sustentável?
Confira o artigo de Georges Humbert
Visando esclarecer, entre outras questões, se a “Energia Renovável é necessariamente renovável?”, pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia investigaram o impacto da produção elétrica, considerando a sua densidade anual de energia. Isto é, eles calcularam a energia produzida por cada modalidade energética e a dividiram pelo espaço ocupado pelas usinas elétricas de cada tipo, tornando possível apontar quais fontes de energia são mais ou menos eficientes em relação à sua área.´
A potência, a estabilidade, a geração de emprego, de menor impacto local e nas comunidades tradicionais, também entram na conta da sustentabilidade. A matriz energética renovável, como a energia eólica e solar, “embora sejam de uma fonte renovável, gera diversos impactos socioeconômicos e ambientais negativos, como a perda de biodiversidade, a supressão de vegetação, muitas vezes nativa, o desequilíbrio ecossistêmico com a supressão de habitats, os acidentes com as espécies e, em maior medida, a ocupação de grandes faixas de terra, em detrimento da produção agrária, sem falar no alto grau de poluentes em uma turbina eólica ou numa placa nuclear, a dificuldade do segmento para integrar a economia circular, a falta de inovação, tecnologia, geração e retenção de empregos, em especial os qualificados, dentro do Brasil.
Não se pode, portanto, afirmar, de modo científico, que uma fonte de energia seja mais sustentável ou melhor que a outra, mas que cada uma tem pontos positivos e negativos, sendo o mais sustentável, em rigor, investir em todos os modais possíveis de matriz energética, mesmo porque, de outra forma, apenas com a energia eólica e a solar, não há segurança energética.
Há muito marketing e greenwhash (promessas sustentáveis que na verdade são apenas meio de aumentar lucro ou defender interesses) nos debates ambientais e ESG, além de mitos e inverdades. Muitos não sabem que a Energia Nuclear é uma matriz das mais limpas, do ponto de vista de emissão de CO2 que afetam a tão alarmada mudança climática, a um só tempo em que a que melhor assegura potência e continuidade do fornecimento, sendo a preferida da Europa, por exemplo.
Há um consenso entre cientistas e pesquisadores quanto ao tema da transição energética: as Renováveis não garantem segurança, apesar de baixa emissão na emissão, são de grande impacto negativo do ponto de vista socioambiental, na reforma agrária, na inovação, tecnologia e indústria nacional, sendo certo que os desafios para a sustentabilidade energética impostos a cada país são únicos em suas condições sociais e geográficas. Portanto, Energia Renovável nem sempre é Sustentável.
*Advogado, professor, pós-doutor em direito e presidente do Ibrades - Instituto Brasileiro de Direito e Sustentabilidade