Inventando o ar condicionado
Depois da Segunda Guerra Mundial, ar-condicionado começou a ser produzido em larga escala e exportado

Quando o empresário americano Willis Carrier, considerado uma das "100 pessoas mais influentes do Século XX" pela Revista Time, criou, em 1902, o primeiro sistema de ar condicionado moderno, deu origem a uma indústria bilionária que modificou o mundo, melhorando a maneira de trabalhar, se divertir e de viver de milhões de pessoas. Antes de Carrier, um modelo primário de ar refrigerado denominado lavador de ar, com resfriamento por borrifamento d´água, foi criado em 1897, no EUA, por Joseph McCreaty.
A inteligência de Carrier ajudou a desvendar o que mais tarde ficou conhecido entre os engenheiros de refrigeração como a "lei da depressão do ponto de orvalho constante". Durante a reunião anual da Sociedade Americana de Engenheiros Mecânicos, no limiar do Século XX, Carrier apresentou um estudo que amarrava os conceitos de umidade relativa do ar, umidade absoluta e temperatura do ponto de orvalho. Este documento passou a ser conhecido como a "Carta Magna da Psicométrica". Psicrometria é o estudo das propriedades físicas e termodinâmicas da mistura ar e vapor d´agua, fundamental nos processos de transferência de calor.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o ar-condicionado começou a ser produzido em larga escala e exportado, inclusive para o Brasil. Para os viciados na vida urbana, em escritórios, restaurantes, shoppings e auditórios; e em carros, aviões e aeroportos; onde a ciência psicrométrica é aplicada para melhorar a vida, a genialidade de Carrier facilita o trabalho e a convivência.
O conforto que o ar condicionado gera para os ambientes não pode ser negado, protege pessoas e equipamentos do calor excessivo, mas a climatização também gera discordâncias sobre a temperatura ideal, quanto mais frio o ambiente, mais danos à saúde. "A mudança brusca de temperatura pode gerar uma disfunção que leva à alteração na imunidade e facilita o surgimento de infecções virais e bacterianas", afirma o médico pneumologista Francisco Hora Fontes.
O uso contínuo do aparelho produz bactérias e fungos nocivos ao sistema respiratório, a limpeza constante é indispensável. A legislação brasileira exige de bancos, hospitais, cinemas, supermercados, laboratórios, restaurantes, indústrias e comércio em geral; orientando a fiscalização da Vigilância Sanitária para o cumprimento da limpeza dos sistemas de climatização previstos no Plano de Manutenção Operação e Controle, que deve ser observado pelos estabelecimentos de uso coletivo, climatizados artificialmente.
Novos gases a base de hidrocarbonetos, certificados, com maior índice de pureza e que não contém elementos químicos nocivos á saúde, como o cloro e o flúor, aumentam a eficiência energética, reduzem significativamente o consumo de energia e resfriam mais. No conforto do ambiente climatizado, a parte da civilização humana beneficiada, usa no dia a dia a inteligência inovadora de Carrier.
*Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil