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Jogos da humanidade

Publicado domingo, 25 de julho de 2021 às 06:00 h | Autor: Editorial
Jogos Olímpicos de Tóquio
Jogos Olímpicos de Tóquio -

Poderiam situar-se numa hipotética mistura entre a era das lendas e o florescimento das civilizações as primeiras disputas em Olímpia, na Grécia Antiga, mas desde o marco fundador, oito séculos antes de Cristo, nada uniu tantos distintos grupos humanos em torno de um só ideal.

O desvio de energia do mau costume das guerras para lutas simbólicas nas várias modalidades perpetua-se no Japão, mantido como elo entre campeões ancestrais e contemporâneos, o hábito de consagrar aos vencedores as folhas do loureiro, planta favorita do deus Apolo.

Alia-se o desporto à educação, tornando-se os Jogos Olímpicos um caminho – método – para aprimorar talentos, a depender da capacidade de cada atleta, controlando-se os baixos instintos e as paixões cegas, com o triunfo de valores morais sobre a violência inata em sua desmesura.

A recuperação deste tesouro da humanidade, capaz de unir as nações, veio na Era Moderna, pelo empenho do visionário Pierre de Frédy, acrescentando à criação grega os conceitos aprendidos no Iluminismo. O resultado de todo este caldo de culturas é a vitória da espécie humana, no compartilhamento de diversidade, apoio mútuo, sustentabilidade e tantos são os bons efeitos a ponto de não se poder nomeá-los, um por um, devido à incessante reinvenção da matriz original.

Não se pode, entretanto, inebriar-se em ingenuidade, ao duvidar da mecânica de mercado e do desigual poder dos Estados, aspectos capazes de eventualmente descorar o tom doirado de luzidias medalhas. Suborno, corrupção, trapaça, nem de todos os rivais estariam livres os campeões, aqueles a quem se ergue o podium, não ao extremo de tornarem-se deuses, pois são mortais, embora possam seguramente distinguir-se de pessoas comuns, por sua condição de heróis.

Neste momento no qual os povos se conectam, por virtudes, tecnologias e pelo combate ao Sars-CoV-2, as competições rebrilham, pela atualização de sua força secular, a partir da potência natural de inclinação para vida, não importa qual seja o adversário.

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