Livros à mancheia
Confira o Editorial do Grupo A Tarde deste domingo
Um manifesto contra a crescente onda de censura, proibição e boicote de livros em todo o mundo foi divulgado por organizações internacionais, obtendo a adesão de centenas de outras logo em seguida à iniciativa.
O texto oportuno defende a liberdade de leitura, expressão e publicação, por entenderem seus signatários ser este direito um dos fundamentos do pleno convívio entre os perfis culturais divergentes e até antagônicos.
Em um dos trechos emblemáticos, o benfazejo libelo situa o contexto de “uma época na qual a ascensão da censura implica na necessidade de firmeza e união no sentido de garantir o benefício dos leitores”, condição para o progresso humanitário.
A avaliação de alerta máximo conta com nomes como os de Jean-Luc Treutenare, copresidente da Federação Europeia e Internacional de Livreiros (EIBF), um dos principais representantes do segmento em todo o planeta.
A escalada de ideologias retrógradas, apegadas a totalitarismo anacrônico e infelizmente insepulto, não deixa o Brasil imune, como são os casos das obras O Avesso da Pele, de Jéferson Tenório, e Outono da Carne Estranha, de Airton Souza.
O triste enrosco pode tornar-se mais difícil de desatar, quando os grupos defensores da tesoura argumentam ter o mesmo direito de escrever sem limites, aplicando um golpe de aparente figura de paradoxo.
É preciso, portanto, impor uma barreira, talvez a única, à inclinação para os cânones da produção textual: deve-se repudiar as publicações de incentivo aos argumentos falaciosos favoráveis aos censores, pois seria contraditório.
“Livros à mancheia, sim... Oh! Bendito o que semeia, livros... livros à mão cheia... e manda o povo pensar!”. O poema de Castro Alves há de prevalecer, calando o zurro de quem foge da cultura e do conhecimento.