Mania de matar os personagens
Jornalista faz análise sobre o mundo das novelas, filmes e séries
Está na onda, na vibe, no sistema, no processo de criatividade uma nova mania dos criadores e diretores de filmes, séries e novelas que é a de matar o mais simpáticos dos personagens. Não era assim antes, lá em tempos idos. Quem teria a coragem de matar Lobo, da História em Qudrinhos do Fantasma? Quem seria louco de tirar do ar - não haveria argumento plausível - o Moleque Saci, da novela "Jerônimo, o Herói do Sertão"? Imagine tirar assim do nada uma personagem como Crô, de "Fina Estampa".
Na mítica séria "Star Trek", não some do nada um personagem principal e isso é uma garantia de satisfação para os trekiers que cultuam cada vez mais os (as) personagens. Quando os Borgs assimilaram o capitão Jan-Luc Picard, da nova USS Enterprise, foi uma consternação, mas tempos depois ele consegue driblar o inimigo e voltar melhor e mais denso do que antes. Mas desde que os diretores da icônica série Games off Trhones mostraram para o que vieram e nada ficaria de pé como antes e mataram no nono capírulo da série o Eddard Stark e logo na outra temporada mandaram para o espaço o simpático Khal Drogo e não ficou só nisso por que até o lobo preto se escafedeu, tudo ficou de cabeça para baixo.
Exemplo são as novelas da Globo onde se mata personagem que vem dando certo, do nada. Mata-se personagens que seriam interessantes para elucidar um crime e depois o autor fica doido buscando culpados até que encaixa um algum no processo, como se misturasse leite com manga (segundo a tese popular a fórmula pode matar) e isso não se faz. Na novela Terra e Paixão, do nada, de nadinha mesmo, mataram Daniel, irmão de Caio e a partir daí foi um "Deus nos acuda" para explicar, achar a causa, enredar Irene, numa trapalhada que parecia tentar arrebanhar e conduzir para casa uma corda de caranguejo.
Na piração para promover audiência os autorers da novelas têm mesmo é promovido constantes reviravolta. Terra e Paixão atira a esmo e está perdida na encruzilhada. Outras novelas e séries andam no mesmo caminho. Tomara que Games of Thrones volte ressuscitando todos os que morreram de forma inglória. Em Games pelo pelo menos havia o fator surpresa e causa e efeito explicados a seguir.
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. Autor do romance "Os Zuavos Bahianos contra Dom Pedro, os Gaúchos e o Satanás".