Morre um grande brasileiro

É com enorme pesar que os petroleiros receberam a notícia do falecimento nesta quarta-feira, 13, do companheiro Luiz Alberto Silva dos Santos, político e militante histórico da luta antirracista, um dos mais atuantes defensores dos direitos da população negra no Congresso Nacional e fundador do Movimento Negro Unificado.

Luiz Alberto, um grande brasileiro, deixa um vasto legado de lutas e conquistas, baseadas no trabalho árduo pelo desenvolvimento de nosso país e conquista de direitos, com a missão de tornar a Bahia e o Brasil mais igualitários.

Antes de ingressar na política formal, trabalhou como vigilante (1974-1976) e técnico químico (1976-1994) na Petrobrás. Como sindicalista, foi Secretário-Geral do Sindicato dos Petroleiros (BA), de 1990-1991, e Diretor do Sindicato Único dos Químicos e Petroleiros (2000-2003).

Numa triste e significativa coincidência, Luiz Alberto morreu aos 70 anos, no mesmo ano em que a Petrobrás completa 70 anos de existência. Seus destinos certamente estavam entrelaçados. Assim como a Petrobrás, Luiz Alberto nasceu na Bahia, mais especificamente na comunidade quilombola Baixa do Guaí, em Maragogipe, no recôncavo baiano. As causas ligadas ao petróleo e aos petroleiros também marcaram sua rica trajetória.

Na política, Luiz Alberto foi deputado federal pelo PT em cinco mandatos, entre 1997 e 1999 e depois entre 2001 e 2015. É de sua autoria o projeto transformado em lei que inscreveu os nomes de João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luís das Virgens, da Revolta de Búzios, no Livro dos Heróis da Pátria. Foi Secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia em 2003 e 2008. Sem mandato, ele atualmente era assessor especial da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH). Luiz Alberto integrou a equipe de transição do terceiro governo Lula.

Ainda quando deputado, Luiz Alberto foi autor de importante medida provisória, transformada em lei, que isentou de Imposto de Renda parte do dinheiro recebido pelos trabalhadores a título de participação nos lucros das empresas.

Amigo de longa data, companheiro de lutas e batalhas, Luiz Alberto sempre se destacou por suas convicções, ideais e longa história de resistência, como na luta que liderou na aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e pelo reconhecimento e legalização das comunidades quilombolas. Recebeu várias homenagens em vida pelo conjunto de sua obra. Tive a honra de estar presente em muitos desses eventos, como na sessão especial de outorga a ele da Comenda 2 de Julho, na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), em setembro de 2022.

O 2 de Julho é a data cívica mais importante do Brasil, pois foi o povo baiano que lutou muito bravamente para consolidar a Independência do Brasil, expulsando os portugueses que ainda permaneciam por aqui, um ano após o ato pacífico às margens do Rio Ipiranga.

Para nós da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) ficará para sempre o legado de Luiz Alberto de uma história de luta e de resistência em defesa da classe trabalhadora e dos negros e negras da Bahia e do Brasil. Este legado será transmitido por todas as gerações de ativistas no país.