O som do equilíbrio
Confira o Editorial do Grupo A Tarde desta segunda-feira
O debate sobre poluição sonora em Salvador recomenda um antigo mas eficaz antídoto contra os excessos do ímpeto e do impulso: a busca do meio termo entre o silêncio dos cemitérios e a laúza dos “paredões”.
Emerge desta interessante refrega a necessidade de sabedoria do gestor público ao precisar governar tanto para quem quer curtir o latejar dos tímpanos e os entes privados em busca da tranquilidade na paz dos lares e dos hospitais.
Um gráfico óbvio e ululante nasce da inclusão digital, com seu vetor na vertical erétil, contra a depressão da lacuna educacional, do populacho às elites, erguendo-se a imagem de “democracia reversa”, na qual o convívio é péssimo.
Como revela A TARDE em reportagem nesta segunda-feira, 15, os veículos super equipados com geringonças feitas até de cornetas, em meio a “paredes” de recursos, têm estacionado até altas horas, faltando uma mínima razoabilidade.
Tecnologias, como as estridentes caixas “bluetooth”, motosserras, betoneiras, cânticos em seitas, sem faltar as batucadas, abafam o ritmo harmonioso do mar, acrescentando-se ao contexto a tradição de cidade-polo mercantilista.
Era no porto de Salvador o ponto de encontro internacional da era das caravelas, construindo-se, nos acréscimos dos instrumentos de percussão afro-baiano, uma metrópole vocacionada para expressar-se em altíssimos decibéis.
As comunidades de periferia, como Jardim Cajazeiras, Águas Claras, Alto do Cabrito e Periperi, onde a concentração populacional multiplica o incômodo, têm sido visitadas por prepostos do poder municipal para fins de orientação.
Das notificações à apreensão de equipamentos, as equipes autorizadas de servidores aparecem também na Cidade Nova, no Curuzu e em Sete de Abril, delineando um contorno de classes, quando se observa o perfil dos autuados.
O enigma ampliou a dificuldade para quem o queira decifrar, pois partiu da própria municipalidade a proposta de promover pândegas por dias e até semanas seguidas, flexibilizando a fiscalização, pois não se faz farra na mudez.