Proposta descabida
Confira o editorial do Grupo A TARDE deste domingo, 07
Todo apoio ao padre Júlio Lancellotti tem partido de amplos setores da sociedade brasileira, desde a circulação da notícia da tentativa de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara da capital paulista.
O religioso é respeitado no Brasil e no exterior, por sua visão solidária e dedicação às pessoas em situação de rua. Até o Papa Francisco tem seu exemplo como referência, mas esta opção pelos crucificados de hoje incomodou os extremistas.
Como as práticas virtuosas podem ser copiadas pela via da admiração, o trabalho junto a dependentes químicos excluídos da Nova Babilônia multiplica milhares, talvez milhões de defensores de um mundo como pediu Jesus.
Fizeram, involuntariamente, um grande favor ao país, mostrando o quanto as mandíbulas da fera ferida do fascismo ainda se dispõem a dilacerar a carne da democracia, às vésperas do aniversário da intentona golpista.
Integra a mentalidade média, ignóbil e vil, esta corja apatetada, imitando o devaneio de golpear as instituições preciosas, na depredação das sedes dos três poderes, em oito de janeiro de 2023, resultando no flagrante de desmiolados.
O uso de instrumento voltado para apurar desmandos, como é o caso da CPI, segue a toada, infame e apartada do interesse público, mas capaz de inflamar pessoas lúcidas, desde o anarquista ao moderado.
A redução de narcisismos de pequenas diferenças, na pluralidade de pensamentos, é estratégia necessária no sentido de varrer para os contêineres da história estes restos mal-assombrados fugitivos de sepulturas totalitárias.
Os formidáveis recursos da internet foram utilizados à larga para a marcha do ódio, reproduzindo os ordinários políticos a imagem do padre, associada a um rato, em crimes de abuso de poder e de dano moral.
Diante da pressão puxada pelo contra-ataque, já há parlamentares desistentes, embora o sinal de alerta permaneça vermelho, pois agrupamentos mesquinhos conspiram às escondidas e em redes sociais.