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Por José Medrado | [email protected]

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ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 29 de dezembro de 2021 às 6:00 h • Atualizada em 29/12/2021 às 16:42 | Autor:

Solidariedade e dignidade

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A Bahia está abatida, inundações mataram, arrastaram conquistas de lutas e sonhos, mas o baiano é solidário? O brasileiro é solidário? Situações de sensibilização pela solidariedade tendem a acontecer em momentos de tragédia, como uma luz de esperança, uma vez que, muitos defendem, a solidariedade é inata, como forma de proteção, de sobrevivência. Por outro lado, outros abraçam a ideia de que se trata de um princípio criado pela sociedade, em uma espécie de atitude de aprovação dos demais, principalmente em uma sociedade revestida por aparências, ostentações e, claro, muita hipocrisia, como consequência de uma necessidade de pertencimento a grupo, de conexão e busca por aceitação externa. É preciso, no entanto, relembrar que processos de transformação nascem do exercício, da ressignificação de conceitos e atitudes, bem ainda de vivência real de cidadania. Surge, então, a indispensável empatia, como ponte de ligação entre o eu e o outro, por necessidade do exercício de sentido de cidadania, deveria ser. Solidariedade, entendo, não precisa ser um ato de compaixão, ou caridade, mas de compreensão, o próximo poderá ser eu na mesma situação, nesta tal roda viva da existência humana. A Psicologia sempre reforça que empatia estará relacionada à visão de mundo, experiências de vida e traços de personalidade das pessoas. O que, consequentemente, implicará sempre em processos de redimensionamento de papeis, de sentido de vida.

As filosofias de Platão e Aristóteles nos lembram que somos sujeitos políticos. Ser político é ser com os outros na cidade (pólis) e compartilhar com eles os esforços necessários para que todos possam ser felizes conjuntamente, merecedores dos mesmos direitos e naturalmente deveres. Aqui nada a ver com comunismo ou ser comunista, mas com o entender o sentido da vida em coletividade, na proteção e crescimento de todos, haja vista que ninguém é autossuficiente e todos, de alguma forma, precisamos uns dos outros.

As chuvas na Bahia já contabilizam 20 mortos, mais de 30 mil desabrigados e 470 mil afetados de alguma forma, então o que faremos? Movimentemo-nos para ajudar, fazendo a compreensão que atender em momento de angústia e dor ao outro vai gerar, em quem o faz, sentimentos apaziguadores, de estarmos fazendo a nossa parte, no ideal que podemos, nos limites de nossas possibilidades de que natureza for. Alguém já disse que o pouco com Deus é muito, façamos, então, o nosso pouco, mas, talvez, precisaremos desconectar a solidariedade de um ato de fé, e a vivenciarmos como pronunciou Franz Kafka: “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana.”. Então, o que você fará pelos atingidos nas inundações da Bahia?

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