Após Trump, relações com Estados Unidos serão regeneradas
Confira a coluna de José Luiz Tejon

O agronegócio brasileiro é o foco central do ataque de Trump ao Brasil. Os demais argumentos não passam de cortinas de fumaça. O Brasil representa hoje, no planeta Terra, o país mais estratégico, com dimensões continentais e, atenção, localizadona faixa tropical do mundo — do Trópico de Câncer ao de Capricórnio —, contando com tecnologia, recursos humanos, riquezas naturais únicas e, além disso, um gigantesco talento no agronegócio.
Portanto, além dos recursos naturais já tão decantados e exaltados até na letra do nosso hino, construímos, sobre a superfície das desejadas “terras raras”, um patrimônio tropical no campo dos alimentos, da energia, das fibras, do meio ambiente e da evolução social, no qual o cooperativismo brasileiro é exemplar em todo esse “cinturão tropical mundial”.
Em tradução veloz: o Brasil se tornou, nos últimos 60anos, um pós-emergente campeão competitivo na segurança estratégica de todos os blocos geopolíticos globais. São mais de 100 milhões de hectares de pastagens disponíveis para serem incorporados à extraordinária inovação nacional do ILPF, com vitórias notáveis da pesquisa, como a da doutora Mariângela Hungria, da Embrapa, quenos representa ao receber, em outubro, nos Estados Unidos, um prêmio mundial pela fixação de nitrogênio no solo a partir de micronutrientes. E somos ainda uma sociedade tropical, mistura de todos os povos do mundo.
O Brasil é, ao mesmo tempo, um gigantesco concorrente para o maior país agrícola comercial do planeta— os Estados Unidos — e um excelente parceiro para seu sistema agroindustrial. É natural, portanto, que os agricultores eleitores de Trump não gostem de ver o maior cliente do mundo, a China, preferindo o fornecedor brasileiro.
Assim, além do “tarifaço”e do mega estardalhaço dignos de uma ficção científica hollywoodiana, ele promove investigações contra nosso etanol e contra o desmatamento, com o objetivo claro de atacar a qualidade da originação brasileira, tentando associar o país à imagem de destruidor de florestas. E continua sua incansável bateria de mísseis e drones anti-Brasil, afirmando que a China precisará comprar quatro vezes mais soja dos Estados Unidos nos“acordos” que pretende “firmar” — acordos cuja credibilidade e confiança como“comerciante” já se perderam.
A iniciativa privada brasileira tem agora um papel estratégico único, em parceria com a diplomacia consciente, para escapar de visões ideológicas ultrapassadas e de guerras políticas.É essencial atuarmos com a plena convicção de que Trump passará — como tudo passa — e de que nossas relações como povo, a nação e os negócios norte-americanos serão restauradas, regeneradas e ainda maiores, não tenho dúvida.
Em meio ao furacão e sobas ondas desse tsunami“trumpeano”, precisamos de equilíbrio e visão de médio e longo prazos. Devemos ampliar as relações com blocos asiáticos, europeus, latino-americanos, africanos e do Oriente Médio, mas sem descuidar dos Estados Unidos da América, porque os países são maiores do que seus passageiros presidentes e, sobretudo, maiores do que suas facções político-partidárias e egológicas.
Vamos superar. É hora de a sociedade civil organizada atuar, como faz o Cecafé — Conselho dos Exportadores de Café — ao promover, no próximo 1º de outubro, Dia Internacional do Café, um evento internacional na Europa para o mundo todo. Parabéns!
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