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A TARDE Agro

Por João Vitor Sena*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 28 de outubro de 2024 às 7:33 h | Autor: João Vitor Sena*

Bahia avança na parceria com Emirados Árabes para iniciar cultivo de tamareira

O estado já recebeu 110 mudas de 12 variedades do fruto, que estão em fase de observação sanitária

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Após o período de quarentena no Cenargen, as mudas serão plantadas inicialmente em regiões do Cerrado e da Caatinga
Após o período de quarentena no Cenargen, as mudas serão plantadas inicialmente em regiões do Cerrado e da Caatinga -

A Bahia se prepara para ingressar em um novo e promissor mercado agrícola.

Em setembro, o governador Jerônimo Rodrigues reuniu-se com o embaixador dos Emirados Árabes Unidos, Saleh Al Suwaidi, e representantes da Al Foah Company, exportadora de tâmaras emiradense, para avançar nas negociações sobre o cultivo de tamareiras no estado.

O objetivo é transformar a Bahia em um polo produtor de tâmaras, com potencial para diversificar a agricultura local e gerar novas oportunidades de renda para os agricultores baianos. O estado já recebeu 110 mudas de 12 variedades do fruto, que estão em fase de observação sanitária no Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Cenargen/Embrapa), e onde serão submetidas a testes fitossanitários durante pelo menos seis meses.

Assessor técnico da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura da Bahia (Seagri), Carlito Souza Nunes explica que a cultura da tâmara no Oriente Médio é muito antiga, “objeto de exportação para o mundo todo”. “Os Emirados Árabes estão entre os maiores produtores mundiais de tâmara, e um dos principais exportadores dos seus derivados, como o mel extraído da tâmara, a pasta da tâmara e sua geleia, que são produtos consumidos no mundo todo”, afirma.

Após o período de quarentena no Cenargen, as mudas serão plantadas inicialmente em regiões do Cerrado e da Caatinga, escolhidas por apresentarem condições climáticas e de solo semelhantes às do país de origem.

“Realizamos análises nas mudas para (detectar) sete diferentes grupos de pragas: insetos, ácaros, fungos, plantas infestantes, nematologia (nematoides), virologia (vírus) e bacteriologia (bactérias)”, conta Norton Polo, pesquisador do Cenargen.

A expectativa é que, até o final do ano, mais 1.890 mudas sejam enviadas para dar continuidade ao projeto. “Serão implantadas em cinco áreas na Bahia: Juazeiro, Tucano, Barreiras, Miguel Calmon e Abaré”, conta o assessor técnico da Seagri, Carlito Souza Nunes.

Ele conta que o plano é integrar os agricultores baianos nos cultivos das espécies de tâmara, mas isso só deve acontecer em aproximadamente quatro anos, período necessário para que as plantas comecem a produzir frutos e para a realização de pesquisas relacionadas ao desenvolvimento da planta.

Culturas exóticas

Esta não é a primeira vez em que o Brasil importa plantas de outros países e as implementa em território nacional. Segundo Norton Polo, culturas agrícolas consumidas hoje em dia, como soja e uva, vieram de outros países, mas foram adaptadas para os biomas e climas brasileiros.

“A maior parte das culturas que nós cultivamos no Brasil, seja alimentos ou fibras de madeira, são exóticas. Isso significa que o centro de origem desse material não é o Brasil. Então, se você pega a soja, o milho, o eucalipto, os citrus ou as uvas, tudo isso não tem origem no Brasil. Importaram esse material, fizeram melhoramento genético e adaptaram para as condições brasileiras”, aponta o pesquisador do Cenargen.

Presidente do Sistema Faeb/Senar, Humberto Miranda destaca que várias frutas cultivadas no Nordeste vieram de países estrangeiros. “Temos algumas frutas que vieram de outros países que já foram testadas e adaptadas, e hoje dão resultados econômicos significativos. Por exemplo, as frutas vermelhas na Chapada Diamantina: morango, mirtilo e amora preta. A Bahia hoje é um produtor significativo dessas frutas, mas até poucos anos atrás a gente não tinha (cultivo dessas frutas). Um exemplo mais antigo é a uva, produzida no Vale do São Francisco, que é originária de países europeus e antes só era produzida no sul do Brasil”, aponta ele.

O pesquisador do Cenargen complementa afirmando que essas parcerias internacionais beneficiam a agricultura brasileira. “É importantíssimo trazer frutas de outros países e desenvolver trabalhos de melhoramento para que a gente tenha variedades que produzam bem no Brasil”, fala Norton Polo.

*Sob a supervisão do editor interino Fábio Bittencourt

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