Ninguém ganha a nova ‘Agro Olimpíada’ sozinho
Confira a coluna A TARDE AGRO
Por apenas 1/4 de segundo nosso nadador Guilherme Costa (Cachorrão) não ao pódio dos 400 m. Com essa marca, ele teria ido em todas as Olimpíadas anteriores. Chegamos em 2024 indo para a Safra 24-25. O primeiro 1/4 do século XXI passando. Qual a relação entre 1/4 de segundo das marcas olímpicas, com 1/4 de século do agronegócio? E qual a relação entre Guilherme e um produtor rural hoje?
Na abertura do Fórum Internacional do Desenvolvimento Agroambiental Sustentável - Rio + Agro, semana passada, fizemos essa analogia, o que nos obriga a uma evolução consciente em altíssima velocidade.
Aprendi aos 23 anos, iniciando minha carreira no agro, com o saudoso agrônomo José Maria Jorge Sebastião, que havia sido presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC), àquela altura diretor de marketing da Jacto S/A, que nada era mais parecido com a atividade da agricultura do que uma Olimpíada, e que o agricultor seria comparado a um atleta. Ele me explicava da obrigação de superar metas, marcas na produção a cada ano, aperfeiçoar práticas ininterruptamente.
Abordava valores éticos olímpicos na qualidade da produção e citava Ana Primavesi, heroína da agricultura conservacionista, hoje chamada de regenerativa, exclamando: “Somos uma agro Olimpíada com a Dra. Primavesi de treinadora”.
De 1976, Olimpíada de Montreal, quando escutei essa visão encantadora, para 2024, em Paris, só uma coisa mudou: a velocidade ao lado da ciência em profundidade.
A moderna ciência, com ênfase na biotecnologia, nos bioinsumos, nas máquinas, robots, na inteligência artificial, satélites, nas mensurações do carbono e nas práticas ABC, agricultura de baixo carbono, na ILPF – Integração Lavoura, Pecuária e Floresta, transformaram o que já era uma forte pressão de aprendizado e aplicação das tecnologias nos campos, águas e mares, em agro Olimpíada contemporânea, veloz, que cria desafios e marcas a serem superadas, não mais uma lavoura como um todo, ou uma boiada, ou um reflorestamento, mas parte para foco de precisão total planta a planta, animal a animal, árvore a árvore, palmo a palmo do solo, tudo no enfrentamento dos desperdícios, da insegurança alimentar, energética mudança climática.
Não poderíamos mais chamar agricultores de apenas agricultores e, sim, adicionados à missão de agentes da saúde em todos os sentidos. Neste megaevento, personalidades mundiais compareceram, como Ratan Lal, prêmio Nobel da Paz, que disse: “Solo é saúde”. E o ministro Roberto Rodrigues: “Agro é paz”, em show de líderes durante 5 dias.
A mudança das mudanças: a velocidade. 1/4 de segundo que levaria nosso atleta ao pódio nas Olimpíadas passadas, agora o deixou fora; 1/4 de século daqui para a frente: não haverá mais tempo para negar e para não tornarmos o Brasil na maior potência agro Olímpica tropical sustentável do planeta terra. Não vamos perder o pódio.
Vamos juntos, e velocíssimos, com planejamento estratégico e tático, integrado ao lado de comunicação eficaz. Pois ninguém ganha Olimpíada só, muito menos a nova agro Olimpíada.