Roberto Rodrigues revela planos e resultados esperados na COP-30
Confira a coluna A Tarde Agro desta segunda-feira

Conversei com Roberto Rodrigues, grande líder do setor agro, que ocupou diversos cargos importantes no mundo e hoje é professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Recentemente, ele foi convocado pela COP-30 para ser um dos organizadores, patrocinador e coordenador da voz do agronegócio na conferência.
Perguntei a ele como está esse trabalho, e ele destacou que “foi uma honra muito grande ser convidado pelo embaixador André Corrêa do Lago para assessorá-lo na área de agricultura”.
Ele explicou que a ideia é desenvolver esse trabalho em três etapas:
Unir lideranças rurais para estabelecer uma agenda única, pois essa COP não é a COP da Amazônia, não é a COP da floresta, nem do Brasil — ela é a COP do clima para o mundo todo. O embaixador Corrêa do Lago quer que seja uma conferência focada na efetiva ação das discussões e na implementação de demandas já apresentadas em COPs anteriores. O objetivo é criar uma agenda harmoniosa, na qual a maioria dos interesses das cadeias produtivas do agronegócio seja alinhada.
Passar a agenda para o governo, pois na prática são os governos que negociam nas COPs. “Temos de convencer o governo de que a tese de que o setor agro deve estar alinhado é fundamental para defendermos nossos interesses", afirmou. Ele ressaltou que não é fácil, pois o governo não é uma só voz; há diferentes posições dentro dele—nas áreas de Meio Ambiente, Agricultura, Indústria e Comércio, além da representação diplomática.
Levar toda essa proposta ao setor privado, já que muitas decisões não cabem aos governos e o setor privado desempenha um papel crucial. “Na iniciativa privada, há diferentes players, incluindo pessoas de outros países, ONGs e atores brasileiros, que às vezes se opõem às ideias defendidas. Por isso, é importante trabalharmos em paralelo, mostrando que o Brasil não quer nada para si, mas que deseja demonstrar que desenvolveu uma atividade rural produtiva, sustentável, eficiente e competitiva, que pode ser replicada no cinturão tropical da América Latina, África Subsaariana e até próximas da Ásia, onde a tecnologia ainda é baixa. O Brasil precisa mostrar que tem um processo em andamento e que pode servir de exemplo”.
Perguntei se a COP-30 pode contribuir para melhorar a imagem do Brasil. Ele afirmou: “Temos esperança de que sim, pois o embaixador Corrêa do Lago é um negociador excelente, que irá presidir a COP-30. Como o Brasil será o país anfitrião pela primeira vez, há muitas expectativas. Um desafio adicional é a posição de países como os EUA, especialmente com a saída de Trump da OMC e do Acordo de Paris, o que pode enfraquecer o projeto global, mas também criar uma oportunidade para o Brasil. Essa situação pode abrir espaço para mostrarmos nossa competência, efetividade e, acima de tudo, nossa sustentabilidade produtiva”.