World Food Prize (WFP) é da brasileira Dra. Mariângela Hungria
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A experiência brasileira nos trópicos do mundo será cada vez mais reconhecida como fundamental para a vida no planeta inteiro. A Dra. Mariângela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja de Londrina, recebeu o World Food Prize, prêmio mundial da alimentação, conhecido como Nobel da Agricultura e da Alimentação. Foi criado este prêmio pelo Nobel da Paz Norman Borlaug e tem como já laureado o Dr. Rattan Lal, e significa um prêmio que coloca o Brasil no topo do podium do agroambiental planetário.
“Esse prêmio, na verdade, é um trabalho que eu desenvolvi durante toda uma vida, porque eu sempre fui muito determinada. Desde criança eu amava microorganismos e queria muito trabalhar com a agricultura. Então já era uma vocação infantil e eu fui fazer faculdade no final dos anos 70 e, nessa época, na Esalq, a visão era muito química e eu queria usar os biológicos e sabia que os microorganismos poderiam contribuir em diversos processos que permitem a substituição total ou parcial de fertilizantes químicos”, me disse a Dra. Mariângela Hungria.
Segundo ela, “hoje temos o carro-chefe, que é a soja, que todo o nitrogênio pode vir por microorganismos, e no milho conseguimos substituir 25% de todos os fertilizantes nitrogenados por microorganismos. Em 40 anos de carreira não desviei um milímetro da meta no uso dos microorganismos e recebo essa recompensa maravilhosa que eu jamais poderia esperar”.
Ou seja, a descoberta da Dra. Mariângela Hungria vai representar economia de pelo menos US$ 40 bilhões por ano ao país na compra de fertilizantes, segundo a Embrapa.
A Dra. Mariângela Hungria acrescentou que “é importante receber um prêmio com mais 56 laureados. Eu sou a 10ª mulher, e é a terceira vez que o Brasil ganha esse prêmio, o que é muito importante para a Embrapa, que sempre acreditou nos biológicos, investiu, e permitiu que eu pudesse desenvolver essas pesquisas. E ganhar o prêmio é excepcional para a imagem do Brasil no exterior, porque mostra que hoje nós somos líderes no uso de produtos biológicos na agricultura e isso é sustentabilidade”.
Segundo a pesquisadora, “o Brasil tem a taxa mais elevada para a adoção no mundo de produtos biológicos: 85% de todos os agricultores de soja usam esses insumos biológicos e buscam ter sustentabilidade”. Nós temos problemas na agricultura? Temos pessoas que não pensam em sustentabilidade? A grande maioria dos agricultores brasileiros acredita em sustentabilidade e esse prêmio traz essa visibilidade para o nosso país”.
Parabéns a Embrapa, a Dra. Mariângela Hungria. Além de uma conquista tecnológica essencial para a produtividade, rentabilidade e sustentabilidade agrícola do Brasil, significa uma importante descoberta para ser replicada em todo cinturão tropical e sub-tropical do planeta terra.