Conheça detalhes sobre as devoções de cura na Bahia
As celebrações para divindades das religiões afro-brasileira e São Roque são fortes em agosto
Em agosto, a Bahia é tomada pelas energias das devoções de cura. Tem, por exemplo, a festa do catolicismo para São Roque, celebrado hoje. O santo é um forte mediador contra doenças. Além disso, durante todo o mês, as religiões afro-brasileiras celebram divindades como Azoany, Kavungo, Omolu, Sakpata, dentre outros, que são especialistas na proteção e cura de doenças infectocontagiosas e de pele com ritos como os Tabuleiros de Omolu ou Sabeji e o banho de pipoca. Essas tradições do que chamamos de afro-catolicismo têm afastado de agosto a péssima fama de mês com maus presságios e são o tema dos conteúdos dos projetos de memória social do Grupo A TARDE- REC e coluna A TARDE Memória- nesta semana.
Confira mais informações sobre as heranças culturais da Bahia e os locais de origem para estas celebrações do mês de agosto em que os cultos são direcionados ao sagrado que tem como principal atribuição afastar o risco de doenças infectocontagiosas e de pele.
Azoany, Azansu e Sakpata- Estes são voduns, denominação dada às deusas e deuses dos cultos de nação jeje (mahi e savalu) do candomblé. Estas tradições tiveram origem nos grupos que chegaram ao Brasil vindos do território do atual Benim. Aqui receberam o nome mais geral de povo jeje e tem como língua litúrgica o ewe-fon. Estas civilizações chegaram de forma mais intensa no segundo ciclo da escravidão no século XVIII.
Kavungo: Este é um inquice, nome que se dá às divindades na tradição angola ou angola- congo do candomblé. As civilizações que nos legaram esta herança foram as primeiras que chegaram no Brasil durante o ciclo de escravização. Elas são originárias da região do atual território de Angola e parte do Congo, que hoje tem dois países diferentes- República do Congo e República Democrática do Congo. A língua ritual desta tradição do candomblé é o conjunto de línguas do complexo banto.
Omolu e Obaluaê- Orixás da tradição nagô que tem como língua ritual o iorubá. Estas civilizações vieram da região da atual Nigéria e foram as trazidas para o Brasil no último ciclo da escravidão concentrando-se principalmente em Salvador. No senso comum os orixás são citados como únicos, mas na Bahia há uma diferenciação. Usa-se Omolu para uma apresentação mais jovem e que no encontro entre candomblé e catolicismo foi aproximada a São Roque. A versão mais velha do orixá é Obaluaê e que foi associado a São Lázaro. Na festa de São Roque predomina o vermelho, uma cor associada a Omolu e na de São Lázaro, realizada em janeiro, usa-se branco com mais frequência.
São Roque- Festejado em 16 de agosto, São Roque é um santo que possui dados historiográficos precisos. Ele nasceu em Montpellier, na França, no século XIV e tem um culto bem antigo. A história mais conhecida diz que ele era de família rica, mas resolveu doar tudo que tinha para os pobres e saiu em peregrinação para Roma. Foi o período da epidemia de varíola, conhecida como peste. Roque passou a cuidar de doentes até que contraiu a doença. Afastou-se para uma gruta e, todos os dias, era alimentado por um cachorro que trazia um pão na boca. A devoção a São Roque está presente por todo o território baiano. Em Salvador é cultuado, ao lado de São Lázaro, na igreja localizada na Federação.
Vale lembrar que hoje, sexta-feira, a partir das 19 horas tem mais uma edição do REC em Live. O convidado é José Luiz Moreno Neto, hungbono do Axé Obá Koso Loke Omi, médico, doutor em antropologia e professor da Ufba.
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E amanhã, sábado, tem a versão da coluna A TARDE Memória para o jornal A TARDE. O REC e a coluna A TARDE Memória têm conteúdo baseado no acervo do Cedoc A TARDE.
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