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A Tarde Memória
João XXIII fez história e uma delas foi a convocação do Concílio Vaticano II
Em 28 de outubro de 1958 o cardeal Angelo Roncalli foi eleito papa assumindo o nome de João XXIII. Ele foi o substituto de Pio XII que teve um longo pontificado. Seu governo foi analisado, portanto, como de transição, pois ele já tinha 77 anos. Mas aí vieram as surpresas: apenas três meses após a eleição, João XXIII convocou o XXI Concilio Ecumênico.
Os concílios são reuniões amplas da Igreja. Eles podem ser regionais ou universais. Esses últimos são mais raros pois demandam muito esforço e também um contexto em que haja a avaliação de que uma situação impõe que a instituição realize mudanças mais profundas.
Mais conhecido como Vaticano II por ter dado sequência ao que foi interrompido pela Guerra Franco-Prussiana em 1870, o encontro abriu espaço para transformações profundas na Igreja: as missas deixaram de ser celebradas apenas em latim e com os padres de costas para o povo; leigos ganharam mais espaço assim como a Igreja, especialmente na América Latina, tornou-se mais envolvida em ações de combate às desigualdades sociais. O concílio começou em 1962 e terminou em 1965.
Ecumenismo
O diálogo com outras denominações cristãs foi também uma das marcas do Concílio Vaticano II. Dele participaram representantes dos luteranos, presbiterianos e também do chamado cristianismo oriental, como a Igreja Maronita. Essa característica pode ser lembrada com a atual Campanha da Fraternidade, uma ação anual da Igreja Católica no Brasil que em 2021 tem o ecumenismo como tema e envolve as instituições que integram o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
Esses passos são muito importantes ainda mais em um país de impressionante diversidade religiosa como é o Brasil e que ainda tem tantos casos de violência gerados pela intolerância nesse campo. Além de cristãos, o diálogo tem envolvido também denominações como religiões de matrizes africanas, islamismo e judaísmo.
João XXIII atuou para uma maior representação de países no colégio dos cardeais. Fez outras reformas pontuais e também se envolveu como foi possível na tentativa de solucionar conflitos em um mundo assustado pela chamada Guerra Fria entre EUA e URSS. Tanto que seu processo de beatificação foi aberto em 1965, dois anos após a sua morte, e, em uma cerimônia realizada em 2014 pelo papa Francisco, acompanhado do papa emérito, Bento XVI, ele foi canonizado ao lado de João Paulo II.
Amanhã na versão dessa coluna para o jornal A TARDE tem mais detalhes sobre o Concílio Vaticano II. A TARDE Memória na versão impressa é publicada aos sábados a partir do material que forma o acervo do Cedoc A TARDE. Na sexta-feira tem versão dessa coluna também em A TARDE FM.
