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A Tarde Memória

Por Cleidiana Ramos

ACERVO DA COLUNA
Publicado sexta-feira, 04 de março de 2022 às 14:30 h • Atualizada em 04/03/2022 às 15:23 | Autor:

Reguladores tinham protagonismo em anúncios para saúde feminina

Remédios prometiam cura para diversos problemas com o útero como foco

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Reguladores foram considerados, durante muito tempo, a solução para vários problemas ginecológicos
Reguladores foram considerados, durante muito tempo, a solução para vários problemas ginecológicos -

Cleidiana Ramos

Mulheres que sofreram ou sofrem com cólicas menstruais e que têm idades a partir dos 35 anos possivelmente já receberam a indicação de usar um “regulador” ou “elixir” para ficar livre dos incômodos menstruais. Atualmente, com uma contribuição contundente dos movimentos de mulheres, a abordagem e atendimento à saúde feminina, especialmente no SUS, avançou muito de forma a se compreender que dor menstrual não é “normal”, precisa de investigação e nem todo problema de saúde feminina tem origem no útero, como foi o entendimento mais comum durante muito tempo.

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Uma análise das edições de A TARDE em períodos como as décadas de 1910, 1920 e 1930 apontam para anúncios onde era frequente o protagonismo para esses reguladores. Esse é o tema da coluna A TARDE Memória dessa semana, um projeto multimídia com conteúdo nos canais do grupo A TARDE, como este portal, a rádio A TARDE FM (às sextas-feiras) e o jornal A TARDE (aos sábados). As histórias veiculadas na coluna A TARDE Memória são baseadas no material que forma o acervo do Cedoc A TARDE.

As questões relacionadas à saúde da mulher tinham foco no útero, o que aponta para uma preocupação apenas com a função reprodutiva do corpo feminino. O útero era considerado a fonte para vários distúrbios e assim os reguladores, remédios em forma liquida, faziam sucesso pela promessa dos fabricantes de resolver desde “asma nervosa” até corrimentos porque os considerava como sintomas de disfunção uterina.

Anúncios das décadas de 1910, 1921 e 1930 apontam o útero como centro dos problemas de saúde femininos
Anúncios das décadas de 1910, 1921 e 1930 apontam o útero como centro dos problemas de saúde femininos | Foto: Arte Cleidiana Ramos

Mayra Almeida, farmacêutica bioquímica, analisou os anúncios e composição de alguns destes produtos. Ela é mestra em saúde e meio ambiente. Segundo Mayra Almeida, esses produtos tinham base fitoterápica especializada, mas a associação dos problemas era feita com o útero quando são os ovários que estão mais envolvidos com algumas sintomatologias indicadas para tratamento nos anúncios.

Mayra Almeida é farmacêutica bioquímica e mestra em saúde e meio ambiente
Mayra Almeida é farmacêutica bioquímica e mestra em saúde e meio ambiente | Foto: Divulgação | Acervo pessoal

“Um dos medicamentos que encontrei nestes anúncios é o acetaminofeno, o paracetamol, e um outro, o opiocitativo, é o ibuprofeno. As duas substâncias têm efeito primário sobre a dor e o ibuprofeno tem, embora distante, um efeito anti-inflamatório. Ele pode ser utilizado para cólicas. Não é a substância de primeira escolha hoje em dia, mas é usado ainda principalmente para pessoas que têm alergias”, explica.

Remédios tinha propriedades para atuar no mecanismo da dor.
Remédios tinha propriedades para atuar no mecanismo da dor. | Foto: Canva

A publicidade, como observa a farmacêutica era bem explícita principalmente em um tempo em que não se tinha muito informação sobre a eficácia dessas substâncias de forma generalizada como os anúncios indicam. “Tem composições com muitas plantas o que indica que têm efeitos sobre alguns sintomas. Barbatimão e camomila, que vi em algumas composições, têm indicação. A camomila, em extrato, foi um dos produtos que analisei no meu mestrado com uso para o relaxamento da musculatura uterina. Esses produtos poderiam ter resultados em relação a cólicas ou uma disfunção que causava contração uterina, mas a promessa dos efeitos era bem generalizada, ou seja, não muito assertiva”, completa.

Componentes como a camomila têm efeito de auxiliar relaxamento na musculatura uterina
Componentes como a camomila têm efeito de auxiliar relaxamento na musculatura uterina | Foto: Canva

Essa generalização da indicação dos reguladores durou bastante. Tanto que até os anos 2000 algumas marcas eram consideradas o remédio para tentar resolver interrupção do ciclo menstrual e até para efeito abortivo. Hoje as mulheres têm acesso a mais informações e à rede de serviços de saúde, especialmente no SUS, que permite diagnóstico mais preciso, embora os componentes naturais, como o barbatimão citado pela farmacêutica, têm ganhado relevância em pesquisas sobre diversos problemas que afetam a saúde feminina como infecções por HPV.

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