Abdômen forte e definido significa saúde?

Muitos invejam o corpo dos atletas profissionais. No futebol, por exemplo, é dado muito valor às pernas e abdômen dos jogadores. A pergunta que não cala é: será que um abdômen definido é sinal de saúde?
Sem dúvida, o abdômen - a maior preocupação tanto dos homens quanto das mulheres - é uma parte do corpo que incomoda. Entretanto, não é preciso ter um do tipo “tanquinho”. A importância não deveria ser dada a estética e sim à saúde, pois nem sempre uma pessoa de abdômen definido é um atleta de saúde irreparável.
Esse grupo muscular, formado pelo reto abdominal, oblíquos e transverso é de grande importância na vida da gente, porque participa de boa parte das funções vitais como respiração, expulsão de gases, estabilização da coluna, aumento da pressão intra-abdominal, manter os espaços entre os discos intervertebrais, melhorar a postura e proporcionar o equilíbrio nas tarefas comuns, como andar, abaixar, levantar e sentar.
A importância do fortalecimento abdominal
Algumas doenças se instalam no organismo por causa do mau funcionamento de órgãos protegidos pelo abdômen, que se deslocam da sua posição anatômica com a flacidez.
Em um abdômen protuso (proeminente), o braço de resistência entre a lombar e o ponto mais distante aumenta, levando a uma hiperlordose lombar, que é aquela curva que temos na coluna, próximo à região glútea (bumbum), podendo levar a uma série de consequências, a exemplo da hérnia de disco.
Da mesma forma, um abdômen fraco sobrecarrega os músculos intercostais e os paravertebrais, que passam a trabalhar sozinhos no dia a dia. Outro fato é que o acúmulo de gordura abdominal está associado ao risco de complicações cardiovasculares.
Os homens têm, por questões genéticas e hormonais, mais facilidade de acumular gordura nesta região, e não é difícil comprovar isso. Essa é a chamada obesidade androide, do tipo maçã, enquanto a mulher tende a acumular gordura nos quadris, chamada de obesidade genóide, do tipo pera.
Existe uma maneira prática de determinar o risco cardíaco, ou seja, o risco de termos um problema de coração, por meio da relação medida da cintura / quadril. Para isso, o valor da circunferência da cintura deve ser dividida pela do quadril. Se o resultado for maior de 0,80 para mulheres e 0,95 para os homens, significa que as chances infelizmente existem.
Além das doenças cardiovasculares, a gordura abdominal também pode estar associada ao diabetes do tipo II, principalmente a gordura na forma visceral, sendo essa a mais difícil de ser dominada. Como falamos em uma postagem anterior, os exercícios resistidos (musculação) podem ajudar inclusive no controle desses problemas.
Exercícios abdominais
Assim sendo, a resposta para o título desta postagem é 'Não' e 'Sim' ao mesmo tempo. Não, porque a definição não deve ser tratada como o objetivo do exercício no abdômen. Sim, porque o fortalecimento do mesmo é fundamental para alcançar uma boa qualidade de vida.
Também é importante ressaltar que só ficar fazendo séries intermináveis de abdominal na academia não te dará o abdômen definido, pois o mesmo pode depender muito mais da sua alimentação. A camada de gordura que cobre o abdominal pode esconder seus “gominhos". Assim, não foque apenas na estética.
Cito muito o educador físico Luiz Carlos de Moraes, pois sou admirador de seu trabalho, e o mesmo diz que acha muito melhor aumentar a carga e diminuir a repetição dos exercícios realizados na academia. Isso porque, as pessoas hoje em dia não têm muito tempo disponível para ficar fazendo séries intermináveis. Além do mais, muita repetição aumenta as chances de estresse muscular e/ou contusões, por isso, é importante contar com acompanhamento profissional para evitar lesões na academia.
Fazer os exercícios abdominais com orientação profissional e carga certa é crucial para alcançar os objetivos desejados. Existem casos, como por exemplo de atletas cuja modalidade esportiva exija um abdômen muito forte e resistente, justificando muita repetição. Porém, em todos os casos é o teste físico e a indicação do especialista que determinarão a carga certa, a repetição ideal e a execução correta, garantindo assim o equilíbrio estético e, acima de tudo, da saúde.
Fábio Costa é médico ortopedista especializado em Patologias do Joelho pela Universidade de São Paulo (USP), com atuação em Traumatologia Esportiva e Performance Humana, além de pós-graduando em Nutrologia Esportiva e Médico Oficial do UFC.
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