Mercado de bikes elétricas avança no Brasil
Produção local avança, e o Nordeste é um dos principais centros de distribuição
O mercado de bicicletas elétricas está em expansão no Brasil e tem demonstrado grande potencial de crescimento nas principais capitais do País. Com alta de 37,2% no primeiro trimestre do ano, a produção das e-bikes foi o principal destaque no primeiro trimestre de 2024, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo. Seguindo tendência mundial, a categoria das elétricas registrou alta de 6,2% em 2023, na comparação com o ano anterior.
A exemplo dos carros e motos elétricas, esse veículo está entre as escolhas preferenciais de quem procura mobilidade sustentável com redução de custos. As e-bikes são alternativa para quem gosta de pedalar, mas precisa percorrer grandes distâncias. Esse segmento tem apresentado maior volume de produção e vendas, em relação às bikes tradicionais.
As fabricantes de bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus - PIM produziram 86.228 unidades (bicicletas tradicionais) no primeiro trimestre, volume 36,1% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com a Abraciclo. Em março, foram produzidas 32.309 bicicletas, retração de 42,8% em relação ao mesmo mês de 2023. No comparativo com fevereiro, o crescimento foi de 11,9%.
Veio para ficar
“A bicicleta elétrica veio para ficar, vem crescendo nos últimos anos e vamos ver esse crescimento contínuo nos próximos meses”, pontua o vice-presidente da Abraciclo do segmento bicicletas, Fernando Rocha. Em 2018, o PIM produziu menos de 1.000 e-bikes, a projeção para este ano é de 12.500 unidades produzidas. No primeiro trimestre deste ano 3.600 bicicletas elétricas foram produzidas no polo de Manaus.
Em termos de distribuição, o Sudeste ficou com 59% da produção nacional, o Sul com 14%, o Nordeste com 11%, o Centro-Oeste com 9% e o Norte com 7%. Além do crescimento da produção nacional, há aumento da importação das e-bikes. Levantamento feito pela Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas) mostra volume de 44.833 unidades no mercado brasileiro em 2022 (e-bikes produzidas localmente e importadas). O dado representa aumento de 9,64% em relação a 2021 – que era o mais alto registrado até então.
Apaixonado por bikes, o advogado Valter Leite Palmeira pedala há 10 anos: além de participar e organizar passeios em grupo, ele treina regularmente, porque participa de competições. Tem várias bicicletas, dentre elas uma bike assistida. “Ela tem motor, mas não é uma bike elétrica, anda apenas se eu pedalar, pois não tem mecanismo de aceleração”, explica. Ele vê com bons olhos o crescimento do mercado de bicicletas elétricas e afirma que o Brasil deveria ter políticas públicas que estimulassem o uso das bikes (elétricas e convencionais), além de melhoria da infraestrutura.
“Salvador avançou muito no que diz respeito ao tamanho da malha cicloviária, mas precisa investir na manutenção, integração e segurança das ciclovias”, diz. Além disso, ele sugere a criação de campanhas educativas para que os motoristas respeitem mais os ciclistas. “Nós encontramos um trânsito bem hostil e perigoso, hoje, isso precisa mudar. Sem falar na violência das ciclovias. Na região da Avenida Luiz Viana Filho por exemplo (Paralela) está cada vez mais perigoso, tanto que a ciclovia fica vazia, só anda por lá quem é desavisado”, comenta.
O advogado Israel Freire ama pedalar e faz isso regularmente desde 2020. Ele pedala em grupo duas vezes por semana, desbravando trilhas ou percorrendo caminhos desconhecidos, na capital e Região Metropolitana de Salvador. Já pensou em comprar uma e-bike, a fim de se locomover de casa, no Stiep, para o escritório, no Comércio, mas desistiu. “Não acho seguro pedalar sozinho em Salvador, hoje, além disso, as ciclovias de Salvador precisam de manutenção, tem muito trecho esburacado, sem falar que não há integração na malha cicloviária da capital”. Para o advogado, o poder público precisa investir mais em segurança e na manutenção das ciclovias, já que esse meio de transporte é sustentável, melhora o trânsito e é de baixo custo.