Novos ares de Paris

O Mondial de l’Auto 2018 em Paris traduz em termos de futuro o que será a indústria automotiva nos próximos anos mas também as mudanças nesse formato de evento que atrai multidões, mas que está cada vez mais focado no público do trade automotivo e por isso leva ao desinteresse de marcas tradicionais. Este ano a Ford, Fiat, Volvo, Nissan, e a Volkswagen abriram mão de uma das maiores vitrines do mercado europeu e não levaram novidades para o evento.
Segundo executivos destas marcas, com os quais já tive oportunidade de conversar durante os frequentes lançamentos de veículos, são unânimes em dizer que um Salão do Automóvel é um evento caro e que apesar de atrair muita gente, reúne, basicamente, profissionais envolvidos com o mercado e quem é aficionado por carro. Enquanto isso as marcas estão interessadas (e preocupadas) em atrair novos compradores em um cenário de veículos compartilhados onde a posse de um automóvel leva ao desinteresse da maioria dos mais jovens. Assim, a cidade luz recebe nesta semana seu mais tradicional evento automotivo com poucas novidades concentrando-se basicamente, em superesportivos como a Ferrari Monza SP1 e SP2, Bugatti Divo, Audi PB18 E-tron (a Audi marcou presença pela marca e não pelo grupo VW), Alpine A110 GT4 e carros de nicho como o BMW Série 8 Luxury Sports e a estreia da Vinfast, marca vietnamita fundada há um ano e que investiu US$ 2,5 bilhões que surge na cena com dois modelos que usam motores BMW e visual arrojado.
Para nós, novidades pontuais como o BMW Série 3, que chega no próximo ano, e o pequeno Kwid que ganhou uma versão elétrica, o K-ZE, e que chega ao país... em 2022. Há exatos 70 anos, o Salão de Paris era uma vitrine de novidades do Velho Continente e serviu de palco para a chegada do Citroën 2CV. Barato, pequeno, leve com seus 500kg e motor bi-cilíndrico de 375cm3, fez um sucesso estrondoso para aquele momento pós-guerra. Só não o tivemos no Brasil devido a sua baixa performance para o nosso sobe e desce das capitais, e certamente ele seria mais em conta que o Fusca, e faria sucesso. Foram 5,1 milhões de unidades fabricadas até 1990. Esse perfil de lançamento, com o mundo bem motorizado, diga-se de passagem, está ficando cada vez mais esparso na indústria automotiva. Estamos vendo nesses salões modelos de alta performance, e, nos casos de carros “comuns” releituras e a eletrificação dos modelos a combustão.
O Salão de São Paulo que abre as portas no próximo mês, também não terá marcas como a Volvo, Jaguar, Land Rover, JAC, Citroën e Peugeot e verá lançamentos de modelos elétricos, que aqui chegam ainda lentamente, e sem qualquer alarde quanto a um grande lançamento. Os tempos são outros...
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