A história não termina antes da hora
Tostão é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970
![O atacante deve fazer sua estreia na noite desta quarta-feira](https://cdn.atarde.com.br/img/Artigo-Destaque/1300000/724x500/A-historia-nao-termina-antes-da-hora0130601800202502051104-ScaleDownProportional.webp?fallback=https%3A%2F%2Fcdn.atarde.com.br%2Fimg%2FArtigo-Destaque%2F1300000%2FA-historia-nao-termina-antes-da-hora0130601800202502051104.jpg%3Fxid%3D6545319%26resize%3D1000%252C500%26t%3D1738764312&xid=6545319)
Neymar completa hoje 35 anos, no dia de sua reestreia no Santos, contra o Botafogo de Ribeirão Preto pelo Paulistão. A festa de sua chegada na Vila Belmiro dias atrás foi estrondosa, grandiosa, mostrada nos mínimos detalhes pela imprensa. Parecia até que Pelé tinha renascido para jogar no Santos. É a sociedade do espetáculo, onde tudo é exagerado, muito maior do que a realidade e que as coisas não parecem o que são, ainda mais que o contrato de Neymar com o Santos é de apenas alguns meses.
Existe quase um consenso de que o enorme talento de Neymar é muito maior do que os títulos individuais e coletivos conquistados por ele. Há várias razões para isso. Na seleção brasileira, Neymar nunca teve a companhia de outros craques de seu nível técnico. Ele teve várias graves contusões e jogou na mesma época de Messi e Cristiano Ronaldo, dois magistrais e disciplinados jogadores. Os dois se revezaram nas conquistas de melhor do mundo.
Neymar foi para o PSG para deixar de ser coadjuvante de Messi. Além disso, ele que era um magistral meia atacante, próximo da área, passou a jogar na seleção e no PSG como um meia mais recuado e centralizado, longe do gol.
No Santos e na seleção, Neymar deverá ser escalado como um meia centralizado, entre o meio campo e o centroavante, na posição que joga Raphinha na seleção. No Barcelona, Raphinha é um atacante pela esquerda, posição ocupada por Vinicius Junior no time brasileiro. Provavelmente, Raphinha irá para a direita, no lugar de Luís Henrique.
Repito, os jogadores do meio campo para frente da seleção quase sempre jogam em seus clubes de uma maneira diferente da seleção. No Flamengo, Gerson é um meia ponta, que se desloca para o centro para armar as jogadas. Na seleção, é um volante, na mesma posição que De La Cruz atua no Flamengo. Bruno Guimarães é um meio-campista que avança bastante no Newcastle. Na seleção é um volante próximo dos zagueiros. Vini e Rodrygo variam muito mais de posição no Real Madrid do que na seleção.
Se Dorival Junior convocar e escalar o lateral direita Wesley do Flamengo, que tem jogado muito desde o ano passado, ele não terá espaços para avançar, pois Luís Henrique ou outro ponta joga aberto. No Flamengo, Gerson vai para o meio e deixa o corredor para Wesley.
Dorival Junior deve ter gostado de ver o Flamengo contra o Botafogo, compacto, marcando por pressão para recuperar rapidamente a bola. A seleção ainda deixa muitos espaços entre os setores e só usa a marcação por pressão e adiantada em poucos momentos.
O técnico do Santos, Pedro Caixinha, adora marcar por pressão durante todo o jogo. Para funcionar bem, esta marcação tem que ser sincronizada e executada por todos os jogadores. Neymar nunca fez isso na carreira. Caixinha não deve gostar do clichê de que no futebol os jogadores jogam e correm para o craque. Aliás, a evolução desta maneira de jogar nas grandes equipes coincide no tempo com a carreira de Neymar.
Neymar deveria planejar seu tempo até a próxima Copa, em junho de 2026, para recuperar sua melhor forma física e técnica, para isso, precisará de muito treinamento, disciplina e concentração. Será a grande chance de se tornar protagonista e campeão do mundo. A história do craque ainda não terminou.