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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 07 de julho de 2024 às 5:30 h | Autor:

As coisas precisam ser ditas

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Jogo Brasil 1x7 Alemanha no Mineirão em 2014
Foto: REUTERES
Data: 08/07/2014
Jogo Brasil 1x7 Alemanha no Mineirão em 2014 Foto: REUTERES Data: 08/07/2014 -

Segunda-feira, dia 8/07, os 7x1 completarão 10 anos. Assim como não podemos esquecer a nefasta ditadura de 1964, para não repeti-la, temos de lembrar os 7x1 para corrigir os erros.

Em 2010, Mano Menezes era o técnico da seleção brasileira e fazia bom trabalho. Em 2012, José Maria Marin assumiu o comando da CBF no lugar de Ricardo Teixeira. Anos depois Marin foi preso por corrupção e aconteceria o mesmo com Ricardo Teixeira se ele saísse do país.

Mano Menezes foi despedido e contratado Felipão para treinador e Parreira para diretor técnico. Penso que as mudanças foram mais por motivos políticos e comerciais. Os investidores e parceiros da CBF queriam uma comissão técnica com mais prestigio, campeões do mundo, para inflamar o publico e diminuir o desanimo que havia com a seleção após os fracassos nos mundiais de 2010 e 2006. Além disso, havia muitos protestos nas ruas contra os problemas sociais e a corrupção, que poderiam se estender à seleção e à realização da Copa do Mundo no Brasil.

Felipão assumiu o Brasil no lugar de Mano Menezes
Felipão assumiu o Brasil no lugar de Mano Menezes | Foto: José Tramontin (athletico.com.br) / Divulgação

A conquista da Copa das Confederações um ano antes do mundial, com uma vitória marcante sobre a Espanha, campeã do mundo, na final, foi uma ilusão, um atuação heroica. Não dá para se herói duas vezes seguidas

Na copa de 2014, Felipão, que teve uma carreira muito mais de sucessos do que de fracassos, repetiu tudo que tinha feito na Copa das Confederações contra adversários mais fortes, além de escalar vários jogadores que não estavam na mesma forma de um ano antes.

Nos 7x1, Felipão colocou vários atacantes e deixou Fernandinho sozinho no meio campo contra muitos meio-campistas brilhantes da Alemanha. Eles comandaram o jogo, envolveram o time brasileiro e o primeiro tempo terminou 5x0. Os torcedores brasileiros choravam no Mineirão.

David Luiz, hoje no Flamengo, chorou depois dos 7x1
David Luiz, hoje no Flamengo, chorou depois dos 7x1 | Foto: REUTERES

Depois da partida, Felipão disse que foi um apagão. No dia seguinte, o diretor técnico Parreira leu uma mensagem de uma torcedora, dona Lúcia, com palavras afetivas e de solidariedade à seleção, um pedido para que as pessoas não fossem tão duras nas críticas.

Os 7x1 trouxeram benefícios, mas o futebol brasileiro continua refém de varias condutas ultrapassadas. Além dos gramados ruins, do péssimo calendário, dos tumultos durante as partidas e vários outros problemas fora de campo, durante o jogo existem ainda muitos espaços entre os setores, muitas bolas longas da defesa para o ataque, muita pressa para chegar ao gol e pouca valorização do meio campo.

Na derrota do Atlético-MG para o Flamengo, o time jogava com inúmeros atacantes e apenas Otávio no meio campo. Na derrota do Cruzeiro para o Criciúma, o time jogava bem, tinha boas chances para virar o placar quando o jovem treinador Seabra, que faz ótimo trabalho, trocou vários jogadores. O time ficou confuso e perdeu a chance de ganhar. Essa ansiedade de mudar é frequente nos treinadores, pressionados para vencer e para fazer substituições sempre que o time está perdendo. Nem sempre são necessárias.

Atlético-MG foi derrotado em casa pelo Flamengo
Atlético-MG foi derrotado em casa pelo Flamengo | Foto: Pedro Souza / Atlético

As coisas precisam ser ditas. Sinto falta na história do futebol brasileiro de três investigações profundas, esclarecedoras. A primeira sobre quais foram os detalhes das conversações em Brasília entre o ditador Médici e membros da então CBD, que resultaram na demissão do treinador João Saldanha antes da Copa de 1970. A segunda sobre o que ocorreu com Ronaldo na véspera da final do mundial de 1998, se ele teve uma convulsão ou um distúrbio emocional. Se foi uma convulsão, nunca poderia ter entrado em campo. A terceira se dona Lúcia existiu.

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