Mundial de Clubes revela equilíbrio entre brasileiros e europeus
Tostão analisa a performance dos brasileiros no Mundial, critica clichês e celebra o futebol em tempos difíceis

Enquanto as guerras amedrontam o mundo, o futebol está em festa com o mundial de clubes. É a ambivalência humana, amor e ódio, alegria e tristeza, comemorações e tragédias.
Vai começar os ganha-ganha, expressão usada por Juca Kfouri, muto mais agradável que o mata-mata. Chega de morte. Outra expressão horrível, que está na moda, é dizer que o time passa por um controle de carga, para explicar as mudanças feitas pelos treinadores para evitar o cansaço dos jogadores. “Não sois maquinas, homens é que sois” (Charles Chaplin).
Os brasileiros sentem-se em casa nos EUA, festejados e incentivados pelos seus torcedores e pelos latinos
Os times brasileiros estão melhores do que se esperava e os europeus piores do que se previa. Os brasileiros sentem-se em casa nos EUA, festejados e incentivados pelos seus torcedores e pelos latinos, que ocupam a maior parte dos estádios. O excessivo calor favorece os brasileiros. Na Copa de 70, no México, o timaço do Brasil teve ajuda também do calor, com jogos ao meio dia. No mundial de seleções, daqui um ano, os Sul-americanos contarão com as vantagens do calor e de se sentirem em casa.
É nítido também o esforço e a gana dos times brasileiros de se superarem. O futebol não é resultante apenas de talento individual e coletivo. Estão presentes também os fatores ambientais, físicos, emocionais e imprevisíveis.
Superioridade não é tão grande
Antes da bola rolar, haveria uma avaliação exagerada sobre a diferença técnica dos europeus em relação aos brasileiros? Penso que sim. A superioridade não é tão grande. Nos campeonatos mundiais anteriores, vencidos pelos europeus, com apenas um jogo decisivo entre times da Europa e da América do Sul, a equipe europeia tinha terminado de ganhar a Liga dos Campeões, estava em forma, com todos os titulares e no meio da temporada.
No atual mundial, o único resultado até agora surpreendente no confronto entre brasileiros e europeus foi a vitória por 1x0 do Botafogo sobre o PSG, recente campeão da Europa.
Mesmo com a derrota para o Atlético de Madrid por 1X0, Botafogo se classificou para as oitavas de finais e vai enfrentar o Palmeiras, que empatou contra o Inter Miami por 2x2. Será que não dá para o Paulinho jogar mais tempo? O PSG vai jogar contra o time americano, que parece a equipe de veteranos do Barcelona, com Messi, Suarez, Busquets e Jordi Alba, além do técnico Mascherano.
Não foi surpresa a vitória do Flamengo sobre o Chelsea
Não foi surpresa a vitória do Flamengo sobre o Chelsea nem as atuações melhores do Palmeiras e do Fluminense nos empates contra o Porto e o Borussia Dortmund. Estas três equipes europeias não estão no momento no primeiro nível do futebol europeu.
Comportamento estratégico
Independentemente dos resultados, é preciso elogiar o comportamento estratégico das equipes brasileiras, que têm jogado com muita intensidade, compactação, pressão para recuperar a bola, além de alternar as trocas de passes com as transições rápidas da defesa para o ataque. As atuações dos dois técnicos portugueses, Renato Paiva, Abel Ferreira e dos dois técnicos brasileiros, Filipe Luís e Renato Gaúcho, merecem aplausos.
Ainda é cedo para os pachecões ficarem tão eufóricos. Os europeus começaram a melhorar, preocupados com as criticas que têm sofrido. Apesar das incertezas não ficarei mais surpreso se uma equipe brasileira for campeã do mundo.