Novos tempos no futebol brasileiro
Tostão é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970
O futebol brasileiro tem evoluído nas estratégias de jogo, na intensidade e na qualidade individual por causa da chegada de fora de muitos bons treinadores, dos altíssimos investimentos, da contratação de jogadores caríssimos e pagamentos de grandes salários, com parte do dinheiro vindo de casas de apostas. A dúvida é se haverá continuidade e se alguns clubes ou SAFS irão quebrar.
São Paulo e Corinthians fizeram um ótimo jogo apesar de inicio de temporada. A partida estava equilibrada até o inicio do segundo tempo quando aconteceram dois momentos pontuais com dois gols do São Paulo. Nos clássicos, detalhes decidem as partidas.
Os dois times jogam com uma dupla de atacantes pelo centro, o que é hoje pouco frequente. O São Paulo possui ainda dois jogadores pelos lados, Lucas e Oscar, que se movimentam por todo o campo, estão sempre próximos ao gol e ainda recuam para marcar pelos lados. Lucas é muito bom nisso. O Corinthians joga com um meia ofensivo centralizado próximo da dupla de atacantes e mais um trio no meio campo. Quase sempre há quatro perto do gol adversário. Estão na moda quatro atacantes. Nesta formação não há pontas, que, ás vezes, fazem falta.
Oscar mostrou a sua classe, elegância, toques bonitos e eficientes. Pode jogar pela esquerda e pelo centro e certamente vai melhorar a qualidade da equipe. Está melhor do que eu imaginava. Ele e Hulk, que estavam nos 7x1 são destaques no futebol brasileiro. Bernardo do Galo também estava presente. Só falta o Fred voltar a jogar e formar o quarteto ofensivo de 2014.
São Paulo e Corinthians, provavelmente, estarão nessa temporada entre os principais times brasileiros, junto com o Flamengo, Palmeiras, Inter e Botafogo. Os seis e mais Fortaleza e Bahia vão disputar a Libertadores.
O Botafogo vive uma indefinição por causa da saída do técnico e de vários de seus principais jogadores. O sonho dos torcedores de que o Botafogo, após ganhar a Libertadores e o Brasileirão, manteria o time, conquistaria outros títulos seguidos e se tornaria uma das grandes equipes da história, será pouco provável com desmanche da equipe. São os novos tempos. Alguns jogadores brilham em um clube e vão para outro do mesmo dono.
No meio da temporada passada, o Cruzeiro contratou vários jogadores, nenhum especial, e criou a ilusão de que a equipe daria um salto de qualidade. O time piorou e o jovem e promissor técnico Seabra, que fazia bom trabalho, foi dispensado. A história se repete. O clube contratou alguns jogadores de prestígio e achou que, rapidamente, formaria um timaço. Nada aconteceu e Fernando Diniz foi dispensado. O clube e os torcedores estão muito ansiosos, apressados.
Apesar da evolução cientifica do futebol brasileiro, da presença de tantos estudiosos analistas de desempenho espalhados pelos grandes clubes, que mapeiam todas as estatísticas dos jogadores e treinadores, penso que ainda ocorre um excessivo número de contratações equivocadas e ou de custos muito acima dos benefícios, mesmo considerando que no futebol existem muitas incertezas.
É preciso olhar mais para o campo e conhecer melhor os detalhes técnicos, físicos, táticos, emocionais e comportamentais dos atletas. É necessário enxergar os detalhes, saber ver.