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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 16 de junho de 2024 às 6:00 h • Atualizada em 17/06/2024 às 16:15 | Autor:

O tempo certo

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Partida entre Estados Unidos x Brasil no estádio Camping World, em Orlando
Partida entre Estados Unidos x Brasil no estádio Camping World, em Orlando -

Em outra crônica, citei o Palmeiras como exemplo de ótima gestão no futebol brasileiro. Existem outros clubes, como o Fortaleza e o Bahia. Já o Corinthians é um exemplo de péssima gestão. Há outros.

Na coluna anterior citei grandes times e seleções atuais e do passado que jogam com um trio de meio-campistas que marcam, constroem e avançam, alternadamente. Com frequência, estas equipes possuem também além dos três, um meia mais ofensivo próximo dos atacantes, como Bellingham no Real Madrid.

Faltou citar a Alemanha dos 7x1. Enquanto o Brasil colocava muitos atacantes, a Alemanha, com vários meio-campistas, contra apenas Fernandinho no meio campo, dominava o jogo e fazia os gols. No segundo tempo contra os EUA, Dorival Junior encheu também o time de atacantes, o que deixou menos espaços para os hábeis e velozes Vinicius Junior e Rodrygo.

O Brasil, com frequência, nos últimos tempos, adora colocar muitos atacantes. Geralmente ganha as partidas contra as equipes inferiores, acha que está tudo ótimo, mas depois sofre quando enfrenta fortes adversários, como nas semifinais das ultimas Copas do Mundo.

O tempo passa e as pessoas continuam confundindo a estratégia de jogar com uma linha de três no meio campo, que, alternadamente, marcam, criam jogadas e avançam, com o modelo brasileiro, com dois volantes e um meia centralizado e próximo do ataque. Paquetá, na seleção, não é um meio-campista. É um meia atacante.

As fracas seleções do México e EUA finalizaram varias vezes da entrada da área com perigo e criaram outras chances de gols. Alison fez duas excepcionais defesas contra os EUA. A maior razão da deficiência da marcação do time brasileiro é marcar apenas com dois jogadores no meio campo para cobrir um longo espaço. Os dois laterais esquerdos, Arana e Wesley, que jogaram os dois amistosos não apoiavam porque não tinham proteção, já que ninguém voltava pelo lado. Esta não pode ser uma função de Vinicius Junior.

Mais importante do que o desenho tático é valorizar, priorizar o domínio da bola e a troca de passes no meio campo. Isso não significa cadenciar e não ter objetividade. As jogadas efetivas precisam ser elaboradas, sem pressa nem afobação para chegar ao gol.

Repito o óbvio, pela milésima vez, de que há mais de uma maneira de jogar bem e de vencer. As transições rápidas da defesa para o ataque com intensidade são também fundamentais. Os grandes times atuais alternam as duas estratégias no mesmo jogo e de acordo com o momento. Cadenciar e acelerar, no tempo certo.

O Botafogo, na vitória por 1x0 sobre o Fluminense, foi brilhante, com passagens rápidas da bola da defesa para o ataque para aproveitar a velocidade e o correto posicionamento de seus atacantes. Poderia ter vencido com maior diferença de gols. Enquanto isso o Fluminense tentava sair da defesa trocando passes curtos, como é habitual, sem conseguir. Pior, perdia a bola e deixava grandes espaços na defesa.

O jogo de futebol é um retrato do corpo e da mente, uma alternância de pausa e intensidade, imaginação e ação. O coração contrai (sístole) para impulsionar o sangue para os órgãos e depois relaxa (diástole). O pulmão inspira e expira. A mente alterna o repouso com a vigília, o sonho com a realidade. As coisas têm seu tempo certo.

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