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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado domingo, 02 de junho de 2024 às 9:48 h | Autor:

Real campeão da Europa

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Imagem ilustrativa da imagem Real campeão da Europa
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A história se repete. Até o Real fazer o primeiro gol já com mais de 70 minutos, o Borussia Dortmund jogava melhor, tinha tido quatro chances de gols contra uma do Real, que atuava mal. Mas quem venceu, mais uma vez a Liga dos Campeões foi o time espanhol. . O Real fez um gol de escanteio, com uma improvável cabeçada do lateral Carbajal e depois um segundo com Vinicius Junior, o melhor do mundo, em um passe de Bellingham, que recebeu um presente do jogador alemão. A partir daí, o Real reinou em campo e quase fez o terceiro.

O Real, mesmo na adversidade de um jogo, passa a impressão que sabe profundamente o que ocorre e o que vai acontecer, sabedoria que vai além do conhecimento de um mega computador com IA. De repente, ganha a partida que parecia perdida. Isso se tornou comum.

Acostumados e acomodados

Além da tragédia do Rio Grande do Sul, convivemos diariamente no futebol e no país com problemas permanentes, algumas tragédias, que assolam o Brasil. Fala-se muito sobre o assunto e muito pouco se faz para resolvê-los. Passam a serem curiosidades e até atrações turísticas.

Acostumamos e acomodamos com problemas frequentes, crônicos no futebol e nada é mudado, como o péssimo calendário, os gramados ruins, o excesso de faltas, o tumulto durante as partidas, os muitos erros dos árbitros, a demora do VAR para tomar decisões, o comportamento raivoso de alguns treinadores durante os jogos. Discute-se muito sobre tudo isso e nada é mudado. A tão esperada Liga dos Clubes nunca chega.

Acostumamos e acomodamos com a miséria e a desigualdade social, com o vergonhoso número de residências sem saneamento básico e agua potável. Fala-se muito sobre isso e os progressos são muito pequenos. Há dinheiro para outras coisas, como para as enormes emendas parlamentares, mas não há para resolver a falta de esgoto.

Acostumamos e acomodamos com algumas ultrapassadas maneiras de jogar que ainda existem no futebol brasileiro. O fantasma dos 7x1 completará dez anos em 08 de julho e ainda continua vivo. Repito, não foi por acaso. Enquanto o Brasil enchia o ataque de jogadores, deixando um enorme vazio no meio campo, os alemães colocaram mais meio-campistas para ter o domínio da bola, do jogo, envolver o time brasileiro com troca de passes e fazer os sete gols. Continuamos desvalorizando o meio campo.

Acostumamos e acomodamos com a absurda violência, que aumenta a cada dia no país. As milícias e o crime organizado que dominam o Rio de Janeiro se espalharam pelo Brasil. Ainda não vi um forte planejamento para diminuir o problema.

Acostumamos e acomodamos com as mentiras (Fake News). Todos criticam as redes sociais e quase todos as procuram. Para muitos é a única fonte de informação. As redes sociais passaram a ser formadoras de opiniões.

Acostumamos e acomodamos com a medíocre e ultrapassada discussão sobre o que é mais importante, o resultado ou a qualidade e a beleza do jogo. O Manchester City, dirigido por Guardiola, melhor técnico do mundo, joga bem, bonito e quase sempre vence. Guardiola é bastante pragmático e acredita que para vencer é preciso ter a bola, o domínio do jogo, trocar muitos passes e esperar o momento de envolver o adversário e fazer o gol.

Precisamos desacostumar e desacomodar as palavras e as ações que se repetem. Necessitamos ser mais criativos, solidários, sem perder a disciplina, a estratégia e o planejamento.

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