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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado quarta-feira, 19 de junho de 2024 às 0:30 h • Atualizada em 19/06/2024 às 16:45 | Autor:

Retrato da sociedade

Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Hulk em lance do jogo entre Atlético-MG x Palmeiras
Hulk em lance do jogo entre Atlético-MG x Palmeiras -

Escrevi esta coluna antes da partida de ontem entre Portugal x Republica Tcheca, pela Eurocopa. Na primeira rodada, não aconteceu nada de extraordinário nas atuações das principais seleções europeias. Repito, há pouca diferença técnica entre as melhores seleções da Europa e da América do Sul.

Na goleada da Alemanha sobre a Escócia por 5x1, o destaque foi o jovem e bom meia atacante Musiala. Há anos, os alemães esperam que ele se torne um craque, que não é. A volta de kross melhorou bastante a equipe. Ele e Rodri, da Espanha, não erraram passes na primeira rodada.

O grande passador não é apenas o que dá passes decisivos para gols. São também os que fazem as escolhas certas, erram pouquíssimos passes e não dão a bola para os adversários.

O passe é o símbolo do jogo coletivo. Os craques precisam do conjunto para brilhar. A excessiva valorização dos meias ofensivos e atacantes, dribladores, individualistas e bons finalizadores, em detrimento dos meio-campistas que iniciam a construção das jogadas no próprio campo com excelentes passes, é um retrato do individualismo da sociedade brasileira.

Estava curioso para ver a Albânia jogar, tão elogiada e dirigida pelo brasileiro Silvinho, ex-jogador e ex-treinador do Corinthians. Contra a Itália, a Albânia atuou com nove jogadores muito recuados, próximos à área, estáticos como bonecos em jogos de botões. Não pressionavam para recuperar a bola e não realizaram um único contra-ataque. Ganharam um gol de presente logo que começou o jogo e perderam por2x1. Fiquei decepcionado.

Amanhã começa a Copa América com o jogo entre Argentina x Canadá. Por aqui, continua o Brasileirão, com os times bastante desfalcados por cederem jogadores para as seleções, um atestado da desorganização do futebol brasileiro. Na segunda-feira, Palmeiras goleou o Galo por 4x0 no estádio do Atlético-MG. O Palmeiras era melhor e ganhava por 1x0, mas a goleada só ocorreu porque Hulk foi expulso. A diretoria deveria parar de apoiar os chiliques e as reclamações de Hulk.

A decisão de Dudu de continuar no Palmeiras foi decepcionante para o clube, que queria fazer um bom negocio, e para o Cruzeiro, que teria um excelente reforço.

Chico, 80 anos

Hoje, Chico Buarque, o maior poeta da musica brasileira, completa 80 anos. Lá vai ele pelo calçadão do Leblon, com as pernas finas, o andar rápido, com a cabeça em pé como os craques e com a habilidade para driblar os curiosos marcadores. Ninguém consegue para-lo.

Na minha casa, tenho reproduções em miniaturas de pessoas de variadas atividades, que, durante a minha vida, me emocionaram, me encantaram, embalaram meus sonhos com as suas espetaculares obras. Um deles é o Chico.

Um momento que me deixou alegre e orgulhoso foi participar, convidado por ele, de uma gravação de DVD ao seu lado e do jornalista Fernando Calazans, no campo em que ele jogava futebol. Obviamente não cantei. Batemos um papo sobre futebol. Por questões físicas não pude trocar tabelinhas com Chico. Faríamos uma boa dupla de atacantes.

Antes da Copa de 1998, entrevistei o Chico em Paris para o programa “um tostão de prosa”, que eu fazia na ESPN Brasil. Assim como Pedro Pedreiro, que sonhava com alguma coisa maior que o mundo, Chico sonhava com um time só de atacantes e muitos gols.

Quanto mais o Chico deseja o anonimato e a liberdade, fica mais famoso. Ele não quer ser uma celebridade. Quer ser gente e ter o direito de ficar em silencio ou de dizer coisas que muitos não gostam. Deixem em paz o seu coração.

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