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Conjuntura Política

Por Claudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 27 de janeiro de 2025 às 10:47 h | Autor:

A agenda regressiva de Trump

Da aliança com big techs ao boicote climático: os sinais preocupantes do novo governo Trump para a democracia global

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Donald Trump
Donald Trump -

A posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos na segunda passada (20) representa mais do que uma penca de declarações polêmicas a figurar em um campo retórico. A avalanche de decretos assinados nas primeiras horas do seu governo ataca uma espécie de pacto civilizatório liberal-democrático que levou os norte-americanos a liderar o mundo em torno de um projeto democrático tomado de limites e desafios. O perdão aos golpistas do Capitólio, a retirada do país do Acordo Climático de Paris, o boicote à Organização Mundial da Saúde (OMS) e o endurecimento da política migratória, dentre outras medidas, sinalizam que a extrema direita vai marchar para uma ruptura efetiva com a democracia. Não se trata de uma inflexão realística, mas representa uma mudança programática a ser observada.

Quais os sinais do projeto extremista de Trump? Em 2014, o jornalista Corey Pein alertava para o avanço das ideias autoritárias entre as lideranças corporativas do Vale do Silício. A presença dos bilionários da tecnologia na posse de Trump sob a liderança de Elon Musk não é um mero acaso, mas envolve a promessa de Trump de criar uma “nova revolução industrial” ufanista antiambiental, visando emparedar a China, inclusive, na corrida tecnológica de domínio da Inteligência Artificial. Mas a aproximação das big techs com o trumpismo acaba por deixar em aberto a conveniência de um lado em lucrar mais sem a regulamentação do seu setor. Do outro lado, o novo presidente pode lançar mão desta aliança com os bilionários para garantir o avanço do seu projeto político.

No âmbito diplomático, a relação Brasil-EUA pode enfrentar desafios adicionais. A diplomacia brasileira terá que se equilibrar em meio às disputas comerciais entre EUA e China, principais parceiros comerciais do Brasil. A postura de Trump em relação à China pode pressionar o Brasil a adotar posicionamentos que atendam aos interesses norte-americanos, exigindo habilidade diplomática para manter o equilíbrio nas relações com ambas as potências.

A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris pela segunda vez impõe ainda mais desafios para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), programada para novembro em Belém (PA). Como um dos principais emissores de gases de efeito estufa do mundo, os EUA desempenham um papel crucial nas negociações climáticas globais. O boicote norte-americano atinge diretamente os esforços internacionais para limitar o aquecimento global e complicar as discussões sobre o financiamento climático.

Este novo momento histórico de rearranjo da extrema direita diante da sua chegada ao poder norte-americano vai provocar uma nova onda a qual precisaremos estar preparados. Em nome da democracia e do Estado de Direito.

*Claudio André de Souza - Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected]

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