A aprovação do Governo Jerônimo
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A pesquisa Genial/Quaest divulgada na quinta passada (27) avaliou os governadores de diferentes estados, mas resume um cenário paradoxal: enquanto o governo do presidente Lula sofre um revés de popularidade, os governadores parecem surfar em uma maré mais calma na opinião pública. Lula é reprovado por 50% ou mais dos eleitores em todos os oito estados pesquisados, a desaprovação supera os 60% em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, enquanto a aprovação caiu mais de 15 pontos percentuais nos estados da Bahia e Pernambuco, bases eleitorais lulistas há mais de duas décadas. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, 69% desaprovam o trabalho do presidente, enquanto 29% aprovam. Na comparação com levantamento anterior, a avaliação negativa subiu 14 pontos percentuais.
Mesmo na Bahia, a avaliação negativa (ruim ou péssima) da gestão de Lula saltou de 21% para 38% dos entrevistados, consolidando a tese de que não é tão passageira ou localizada a crise de popularidade do governo, ou seja, vale entender em que medida se trata de um fenômeno mais conjuntural ou estrutural. A escolha do instituto em aumentar a amostra para representar cada um dos oito estados – somando ao total 62% dos eleitores do país – é acertada metodologicamente em detectar o panorama político de cada colégio eleitoral. Isso se deve a um comportamento eleitoral singular: embora os eleitores lulistas avaliem de forma mais crítica o governo nesse momento, a intenção de voto ainda segue mais favorável ao presidente na Bahia e em Pernambuco, mas se mantendo competitiva em vários estados.
Na Bahia, a administração do governador Jerônimo Rodrigues (PT) é aprovada por 61% da população ante 54% da pesquisa anterior realizada em dezembro. A avaliação positiva do governo também melhorou, saltando de 32% para 42%, patamar semelhante ao registrado pelos Governadores de São Paulo (41%), Minas Gerais (41%) e Rio Grande do Sul (40%), sendo o melhor momento da gestão estadual na percepção pública, ainda a travar a batalha de transformar a avaliação regular (29%) em uma percepção positiva do governo para os eleitores baianos.
A avaliação dos serviços públicos é o maior desafio do petista quanto à avaliação negativa das políticas de geração de emprego (32%), saúde (38%) e segurança pública (39%), decerto, são as agendas que dominarão o ambiente da pré-campanha eleitoral de 2026. Diante de um governo bem articulado com as agendas do governo federal em Brasília e na articulação direta com os prefeitos baianos, a principal estratégia de Jerônimo deve se concentrar na melhoria das condições administrativas em torno da gestão de resultados de políticas públicas e ações a curto prazo que impactem uma parte importante dos eleitores.
*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].