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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025 às 7:00 h | Autor:

A economia e a oposição a Lula

A “guerra dos bonés” exemplifica a polarização discursiva, elevando as críticas ao governo na área econômica a um novo patamar

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Fala de Lula sobre inflação dos alimentos foi confusa e desastrosa
Fala de Lula sobre inflação dos alimentos foi confusa e desastrosa -

Diante da eleição mais polarizada desde a redemocratização, o presidente Lula sabia do desafio de reconquistar os segmentos populares e a classe média, recentemente capturados pelo bolsonarismo. Segundo a pesquisa da Quaest, em abril de 2023, a avaliação positiva do governo era de 35%, 29% de avaliação regular, igualando a negativa. Na esteira dos fatos, a tentativa de golpe de 8 de janeiro e a ação firme das instituições para repelir o golpismo orquestrado pelo núcleo palaciano de Bolsonaro, aliado a parte da cúpula militar das Forças Armadas, marcaram um período de extrema polarização.

Apesar do clima tenso, em julho daquele ano o governo lançou o programa Desenrola Brasil, que visava desnegativar dez milhões de dívidas de até R$ 100,00, renegociar dívidas bancárias de clientes com renda mensal de até R$ 20 mil e regularizar pendências de microempreendedores individuais (MEI). Após o sucesso da iniciativa, a pesquisa da Quaest, realizada em agosto de 2023, registrou melhora na avaliação positiva de Lula (42%) e a aprovação da administração saltou de 51% em abril para 60%. Esse episódio comprova que o governo conseguiu reverter a opinião de eleitores moderados por meio de uma medida abrangente e popular.

Contudo, de lá para cá, o governo perdeu fôlego ao longo do ano passado, demonstrando dificuldade em comunicar e implementar propostas de grande impacto que pudessem levar o debate público a uma arena menos polarizada – estratégia essencial para o projeto eleitoral. Pelo contrário, houve falhas no efeito da “taxa das blusinhas” e o ano encerrou com a necessidade de rever uma medida burocrática da Receita Federal, diante da percepção de que o governo pretendia intensificar a fiscalização do Pix, amplamente utilizado por milhões de famílias e estabelecimentos diariamente.

A pesquisa da Quaest, de janeiro deste ano, revelou que 83% dos entrevistados notaram elevação no preço dos alimentos, 57% apontaram o aumento dos combustíveis e 62% constataram acréscimo nas contas de água e luz. Enquanto isso, a oposição abandonou o discurso de “costume” e migrou para uma retórica econômica que vem ganhando terreno.

A “guerra dos bonés” exemplifica essa polarização discursiva, elevando as críticas ao governo na área econômica a um novo patamar. Assim, a economia definirá o restante do ano, e o Palácio do Planalto não terá alternativa senão ampliar as medidas populares para reverter o desgaste político, preparando-se para os desafios de 2026. A fala confusa e desastrosa de Lula quanto à inflação no preço dos alimentos na sexta (7) em entrevista à Mário Kertész e Silvana Oliveira deixa impressão de que o governo ainda tem dúvidas do que precisa ser feito nesse momento para enfrentar a crise de popularidade.

*Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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