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A organização política da Palestina

Escalada no conflito entre a Palestina e Israel faz com que os olhos do mundo se voltem para região

Publicado segunda-feira, 16 de outubro de 2023 às 06:00 h | Atualizado em 16/10/2023, 12:10 | Autor: Claudio André de Souza*
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A origem dos conflitos árabe-israelenses remonta ao surgimento do movimento sionista no final do século XIX por meio da defesa intransigente da criação de um estado judaico. Um ponto de partida neste debate envolve o reconhecimento que são palestinos todo povo e seus descendentes que habitavam diretamente a região anterior à formação do Estado de Israel. Quando os britânicos fizeram um censo em 1922 após a queda do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial conseguiram enxergar na região 84.000 judeus e 670.000 árabes. 

Anteriormente, em 1917 a Inglaterra publicou a Declaração de Balfour, aprovando o estabelecimento de um Estado judaico na Palestina, reforçando o movimento internacional sionista em contraposição a comitês árabes que depois passaram a pedir a anulação do Mandato britânico na Palestina e a incorporação do território à Síria. Diante desta conjuntura de reconhecimento do Estado de Israel por parte do Conselho de Segurança da ONU com o aval dos Estados Unidos e a Inglaterra, o que provocou um novo estágio na organização e luta política do povo palestino.

O espaço político de maior relevância e articulação da resistência palestina se deu a partir de 1964 com a primeira reunião de cúpula dos 13 países árabes, membros da Liga dos Estados Árabes. Meses depois, em Jerusalém foi celebrado o primeiro Conselho Nacional Palestino, um parlamento palestino, precursor da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).  Em 1974, a ONU reconhece a OLP como representante político do povo palestino.

A OLP atravessou as últimas décadas em meio à mediação de conflitos de diversas naturezas, mas se colocando como uma organização política fundamental para a construção e defesa das pautas do povo palestino. Após a Guerra dos Seis Dias (1967), a OLP buscou intensificar a defesa da criação de um Estado palestino, levando à proclamação de independência da Palestina em 1988, o que foi levado à mesa do Acordo de Oslo (1993-1995). 

Entre 2007 e 2014, o Hamas atacou a OLP, controlando a Faixa de Gaza. Para além dos ataques do Hamas, um grupo extremista islâmico que prega a aniquilação do estado de Israel, que também comete crimes contra a humanidade, o que precisa ser levado em consideração é que a Palestina não se resume ao Hamas, havendo uma divisão interna de forças sociais e políticas em curso nas últimas décadas. 

Diante de uma guerra de proporções catastróficas, que já levou Israel a matar 1.900 pessoas (crianças podem ser um terço destas vítimas) do lado palestino e lançar uma bomba a cada dois minutos, o governo israelense segue se igualando ao Hamas ao buscar exterminar os palestinos em detrimento de um cerco ao grupo terrorista, o que poderia levar à retomada de Gaza pela OLP e a instauração de uma nova fase nas negociações. Como alguém pode enxergar a paz nas ações do estado de Israel? 

*Cláudio André de Souza é Professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected]

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