Eleições e filiação partidária
Dados do TSE mostram que 16,1 milhões de brasileiros estão ligados a alguma sigla

Com as campanhas cada vez mais personalizadas na figura dos candidatos, os partidos continuam sendo o eixo estratégico organizacional das democracias representativas. Se é inegável que as campanhas eleitorais estão empenhadas nas estratégias de engajamento nas redes sociais, a gerência estratégica dos fluxos de ação ainda nasce da estrutura geral dos partidos, o que torna fundamental compreender a base de filiados que constroem os partidos por dentro.
Na Ciência Política, a filiação partidária é uma variável estratégica para medir o vigor das legendas, o que ajuda a distinguir partidos de “fachada” de partidos efetivamente implantados com respaldo social, político e organizativo na sociedade civil. A força de um partido conforma-se na atuação orgânica dos seus filiados como um fenômeno mais amplo do que a disputa eleitoral. Além disso, é no ambiente de atuação dos filiados que nascem as carreiras políticas, assessores, secretários e toda a maleta de ferramentas que leva um partido a ter condições de disputar voto a voto em todo o território nacional.
Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o país tem hoje 16,1 milhões de pessoas filiadas a algum partido político, um número maior se comparado com a série histórica desde 2009, quando tínhamos 13,9 milhões de filiados. Mesmo com uma leve queda em relação aos 16,5 milhões registrados no início de 2025, o número expressivo de filiados é um recurso estratégico, já que a militância organizada e o enraizamento local ainda são dimensões decisivas na disputa eleitoral.
Os dados disponíveis de setembro deste ano, mostram que o MDB lidera com 2,03 milhões de filiados em todo o país, seguido do PT com 1,6 milhões e o PP com 1,2 milhões de pessoas. Em quarto lugar, o neófito Partido da Revolução Democrática (PRD), fruto da fusão entre o PATRIOTA e o PTB, atingiu 1,2 milhões de apoiadores. Há coerência nos dados, quando analisamos o PT como uma máquina nacional voltada para a competição pela presidência e o MDB e o PP como máquinas municipalistas focadas nas disputas locais é possível ver que os partidos constroem estratégias a médio e longo prazo.
Na Bahia, a polarização também se reflete na proporção dos filiados, já que os petistas somam 88.538 filiados, liderando o ranking dos partidos baianos com 8,9% do total estadual. Em segundo lugar, o União Brasil com 83.548 filiados (8,4%), e o MDB ficando em terceiro com 82.576 (8,3%). As três siglas juntas concentram mais de um quarto de todos os filiados baianos, o que mostra uma disputa equilibrada entre o campo progressista, o centro tradicional e a direita liberal pós-carlista. Cuidar dos partidos na formação política e na organização da militância é um passo crucial para vencer as eleições.
*Cláudio André é professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].
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