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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 19 de maio de 2025 às 4:00 h | Autor:

Família Bolsonaro ou Tarcísio?

Começa a ganhar contornos claros no campo da direita a possibilidade de avançar para 2026 um “bolsonarismo sem Bolsonaro”

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Ex-presidente vive impasse ao relutar admitir antecipadamente uma candidatura presidencial do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu herdeiro político
Ex-presidente vive impasse ao relutar admitir antecipadamente uma candidatura presidencial do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu herdeiro político -

Nas últimas semanas, cresceu a atenção em Brasília do cálculo político sobre como fica o protagonismo de Bolsonaro para as eleições de 2026. O ex-presidente vive um impasse ao relutar admitir antecipadamente uma candidatura presidencial do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) como seu herdeiro político. A resistência possui um caráter de racionalidade política previsível: o desejo de manter sob controle absoluto o fluxo de poder pessoal e familiar em torno da sua base social e ideológica consolidada a partir de 2018.

Dirigentes do PL e de partidos aliados afirmam reservadamente que a estratégia familista de Bolsonaro envolve a possibilidade de reservar a cabeça de chapa a Michelle ou a Eduardo, deixando em casa a centralidade de seu capital político. O que está em debate é se a direita se manterá fielmente liderada por Bolsonaro em 2026 ou se haverá um processo de transição no qual o bolsonarismo se torne um novo bloco político de poder, mas sob uma nova liderança político-partidária.

O ex-presidente joga com a estratégia de retardar qualquer decisão, o que favorece preparar a sua sobrevivência jurídica e política fora da cadeia, mas, em especial, se precisa mesmo marchar com uma liderança que não represente os interesses diretos e pessoais da sua família. A direita precisa de uma liderança que não seja parte do bolsonarismo raiz para enfrentar Lula nas urnas?

Fora do clã bolsonarista, a análise política em curso é que a figura de Bolsonaro ou alguém ligado a ele chegará às urnas com um amplo desgaste político, o que leva à necessidade de que a unificação da direita ocorra sob o lançamento de uma liderança renovada e o nome do governador Tarcísio de Freitas desponta como favorito pela relação de confiança com os eleitores bolsonaristas, mas também por governar o maior colégio eleitoral do país e ter um governo com alta taxa de aprovação.

Começa a ganhar contornos claros no campo da direita a possibilidade de avançar para 2026 um “bolsonarismo sem Bolsonaro”, isto é, a tese de que é necessária uma nova liderança que unifique a direita contra o PT, que radicalize a representação dos interesses do mercado, mas sem herdar o mainstream caótico, desarticulado e anti-institucional vivido quando Bolsonaro era o presidente. Para players do mercado, vencer Lula requer um programa neoliberal, mas com um discurso ideológico mais moderado.

Vale lembrar que uma parte importante do MDB, PP, PSD, União Brasil e Republicanos resiste a marchar com um membro da família Bolsonaro e podem mesmo pesar manter uma aliança com Lula para as eleições de 2026. Na prática, Bolsonaro se manterá como foco central da direita nas eleições presidenciais de 2026 com mais ou menos protagonismo?

*Cláudio André é professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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