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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 25 de agosto de 2025 às 1:21 h | Autor:

Lula, a Bahia e os desafios de Jerônimo

Coluna analisa pesquisa eleitoral que testou desempenho de Lula para 2026

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Jerônimo Rodrigues (PT) e presidente Lula (PT)
Jerônimo Rodrigues (PT) e presidente Lula (PT) -

A pesquisa Quaest divulgada na semana passada recolocou em perspectiva o peso político da Bahia para o projeto de reeleição do presidente Lula. No cenário nacional, o petista segue em posição delicada: sua aprovação oscila, em alguns estados, entre 40% e 45% com a desaprovação denso maior em regiões como o Sul e o Centro-Oeste. A região Nordeste permanece como o principal bastião do lulismo e a Bahia desponta como o território mais estratégico para as eleições de 2026. Aqui, Lula alcança 60% de aprovação, índice que nenhum outro estado reproduz em termos de capital político.

De maneira geral, a presença do ministro Rui Costa no Planalto é o reconhecimento estratégico de que Lula precisa da Bahia e o governador Jerônimo Rodrigues depende da maré favorável ao presidente. A eleição estadual tende a ser o termômetro do lulismo no quarto maior colégio eleitoral do país.

A mesma pesquisa apontou, contudo, para um cenário de alerta, já que Jerônimo é aprovado por 59% dos baianos, mas aparece numericamente atrás de ACM Neto nas intenções de voto para 2026 (41% a 34%). A leitura fria dos números pode sugerir um favoritismo oposicionista, mas a realidade é mais complexa. Três fatores estratégicos ajudam a compreender o quadro atual. Primeiro, o fator Lula: 40% do eleitorado baiano declara querer um governador aliado do presidente. Neto, ao se colocar como anti-Lula, assumirá em 2026 um risco maior do que em 2022, quando ainda não havia a tentativa de golpe do 8 de janeiro nem o tarifaço de Trump com a participação da família Bolsonaro. O preço de ser contra Lula aumentou.

O segundo ponto para analisarmos está na avaliação dos serviços públicos estaduais. Os índices da Quaest mostram um contingente expressivo de eleitores que classificam áreas como saúde e segurança como “regular”. Esse grupo pode migrar tanto para a aprovação quanto para a crítica mais dura, a depender da capacidade do governo de entregar resultados visíveis até 2026. O terceiro fator é estrutural: a Bahia continuará sendo a principal vitrine do PT no país. É aqui que o lulismo testa sua vitalidade, projeta narrativas nacionais e constrói palanques. A disputa baiana será a mais estratégica do Brasil para os petistas e a melhoria interna da máquina governista estadual precisa ser um plano de “gestão de crise” e ganhar um tom emergencial quanto às políticas públicas pensadas para os próximos 120 dias.

O recado da pesquisa é claro: Jerônimo parte em posição confortável, mas não definitiva. A eleição baiana tende a reproduzir uma polarização equilibrada e a sintonia entre o Planalto e a governadoria será decisiva. Lula precisa da Bahia e Jerônimo precisa de Lula, ou seja, ambos precisarão entregar mais e melhor para transformar a aprovação em votos.

*Cláudio André é professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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