Lula, o maior vencedor de 2025

Ao final de mais um ano, uma pergunta vem à tona: quem foi o maior vencedor político de 2025? Foi o presidente Lula, que superou um mar de dificuldades e conseguirá fechar o ano em uma conjuntura mais calma do que começou em janeiro deste ano. Naquele mês, o governo se viu nas cordas em razão da crise do Pix.

Naquele momento, o Planalto viu a popularidade de Lula desabar com a desaprovação saltando em dezembro de 2024 de 47% para 57% em maio (Genial/Quaest). No rastro da crise, Lula nomeou em janeiro o baiano Sidônio Palmeira como o novo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). A principal frente de trabalho do ministro foi construir uma nova linguagem do governo nas redes sociais, ampliando a batalha pela visibilidade das realizações do conjunto do governo e que precisavam se tornar uma percepção mais consistente na opinião pública.

Na relação com o Congresso, o presidente soube posicionar uma faixa de discordância sobre o papel do Congresso na aprovação de medidas populares. A pressão pela taxação dos super-ricos e a aprovação do fim da cobrança de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil reais por mês foram um acerto estratégico de Lula perante um Congresso mais conservador e elitista, que agora surfa cada vez mais no aumento desenfreado de controle financeiro do orçamento por meio das emendas, mas não assumem uma margem de accountability no planejamento e execução das políticas públicas que organizam a sociedade brasileira.

No terreno da economia, a aprovação do fim do IR e um ambiente macroeconômico de controle da inflação motivam a projeção que o petista terá um mar mais calmo nos próximos meses. A isenção tem potencial de injetar R$ 28 bilhões na economia e estamos em um cenário no qual os preços dos alimentos consumidos pelas famílias subiram 1,94%, segundo o IPCA-15, prévia do índice oficial de inflação, sendo a segunda menor alta desde 2018 (IBGE). Já a taxa de desemprego ficou em 5,4% em outubro deste ano, o menor nível da série histórica iniciada em 2012 e diminuiu 0,7 pp. comparando-se com o mesmo período de 2024, quando estava em 6,2%.

A conjuntura mostra não somente que o presidente Lula tem um caminho aberto para colher mais popularidade nos primeiros meses de 2026, mas com Flávio Bolsonaro se configurando como seu principal adversário, a comparação com o governo anterior bolsonarista será mais um trunfo para o petista tornar-se favorito à conquista de mais um mandato. E na Bahia? Um cenário positivo de Lula em nível nacional terá consequências diretas em torno do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que tende a se consolidar como o favorito na corrida ao governo baiano. Mais um ano eleitoral se iniciará em nossa democracia. Feliz 2026!

*Professor adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRB. E-mail: [email protected]