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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 15 de setembro de 2025 às 6:23 h | Autor:

O bolsonarismo é antidemocrático

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Quase três anos separam os 58 milhões de votos que Jair Bolsonaro conquistou em 2022 e a sua condenação a 27 anos de prisão por liderar a trama golpista. No meio do caminho, ficou evidente que o projeto do ex-presidente não era liderar a oposição, mas desestabilizar o sistema democrático. A via do golpe nunca foi improviso. Desde maio de 2019, com apenas cinco meses de mandato, Bolsonaro já estava nas ruas contra as instituições que dividem o poder com o Executivo. Naquele momento, escancarou o seu DNA autoritário e a disposição de mobilizar a sociedade contra o Congresso e o Supremo.

Em abril de 2020, em plena pandemia, foi ao QG do Exército, em Brasília, e discursou em cima de uma caminhonete diante de manifestantes que pediam “intervenção militar”. No mês seguinte, incentivou atos contra o isolamento social por conta da pandemia, estimulando o público a pressionar o STF e o Legislativo. Não era apenas negacionismo, mas a preparação de um ambiente de confronto aberto com as instituições. Já em setembro de 2021, na Avenida Paulista, Bolsonaro afirmou que não cumpriria decisões de Alexandre de Moraes e intimou o ministro a “se enquadrar ou sair”. A frase de um presidente em exercício desafiando o Supremo deveria ter bastado para que liberais e democratas rompessem com ele.

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O ponto alto veio em julho de 2022, quando convocou embaixadores para um espetáculo internacional de desinformação. Transformou fake news em política externa. Disse que as urnas não eram confiáveis, que vencera no primeiro turno e acusou ministros de parcialidade. A reunião foi um ensaio do que estava por vir: um confronto preventivo contra o processo eleitoral.

Bolsonaro nunca foi um democrata. Sua trajetória revela uma visão de poder ancorada no autoritarismo, suavizada por partidos e líderes que, contra todas as evidências, acreditaram que ele se moderaria. Essa aposta fracassou e deixou marcas profundas. O resultado é um país que quase mergulhou no abismo e hoje precisa enfrentar o desafio de responsabilizar quem tentou subverter a ordem constitucional.

A direita, no entanto, ainda insiste em normalizar Bolsonaro como se a tentativa de golpe fosse apenas um tropeço. Ao fazê-lo, é cúmplice de sua ascensão e prolonga a sombra do bolsonarismo. A estratégia de Tarcísio de Freitas reforçar seus laços com o ex-presidente segue essa lógica perversa ao evitar qualquer crítica clara ao golpe e perde a chance de firmar um compromisso com as instituições. Em vez disso, sinaliza tolerância com forças que ameaçaram a democracia. É a escolha de quem prefere herdar votos a proteger a República. Mais uma vez, o cenário eleitoral de 2026 opõe duas forças políticas: a que constrói e que destrói o poder democrático duramente conquistado desde 1988.

*Cláudio André é professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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